O aumento da concorrência no seguro
de veículos incentivou a criatividade das seguradoras para manter e
conquistar espaço no segmento. Ao longo das últimas três décadas, o
seguro de automóveis se tornou o principal produto de seguro de
massa. É verdade que, se considerarmos todas as modalidades de
seguros de pessoas, atualmente, em conjunto, são o segmento mais
importante da atividade. Mas, se abrirmos o leque por tipo de
seguro, veremos que o seguro de veículos continua sendo a carteira
mais importante para boa parte das seguradoras e para a maioria dos
corretores de seguros.
As razões para isso são várias, mas
todas passam pela dura realidade dos sinistros, principalmente os
decorrentes de furtos e roubos. Para se ter uma ideia do tamanho do
buraco, em São Paulo são roubados ou furtados 232 veículos por dia,
o que dá um roubo ou furto a cada seis minutos. Como as chances de
se ver, subitamente, na situação de “sem carro” são grandes, o
seguro de veículos encontra no próprio segurado o maior
interessado.
Mas se nem todas as seguradoras
fazem campanhas mais ou menos permanentes, expondo as vantagens de
seus produtos, todas, de uma forma ou de outra, buscam passar para
os corretores de seguros os diferenciais que as fazem parceiras
ideias para o corretor e para o segurado, especialmente no ramo de
automóveis.
Como, essencialmente, não há uma
diferença muito grande entre os seguros de veículos oferecidos
pelas seguradoras, com o tempo, apenas o bom atendimento ao
corretor e o pagamento rápido das comissões deixaram de ser
suficientes para criar um diferencial que justificasse para o
segurado a escolha da seguradora na hora da contratação da
apólice.
Além disso, para as seguradoras,
tão importante quanto a contratação do seguro é a renovação da
apólice no seu vencimento. A certeza da manutenção dos seguros já
contratados dentro de casa permite que a companhia se lance em
campanhas mais ousadas para conquistar novas contas, muitas vezes
se baseando apenas no preço um pouco mais baixo do que o da
concorrência.
É aí que mora o problema para ela:
uma seguradora baixa seu preço e rapidamente avança em cima da
produção de outras companhias. Acontece que a concorrência obriga
as outras a reagirem e a forma mais fácil de fazer isso é também
baixarem seus preços. No final, o resultado destas ações é ficarem
todas mais ou menos no mesmo patamar, só que faturando menos.
Analisando o quadro, algumas
seguradoras mais criativas passaram a agregar outros serviços às
suas apólices de automóveis, como contraponto para a simples
redução do preço do seguro. E a ação deu certo.
No princípio, a maioria se limitava
a oferecer guincho no caso de acidente. Depois aumentaram o escopo,
enviando seus guinchos para atenderem panes em geral. Como os
serviços oferecidos por uma seguradora eram rapidamente
incorporados pelas outras, a concorrência levou os serviços
oferecidos, em complemento ao chaveiro, encanador e pedreiro, a
patamares extremamente sofisticados, como oferecer reparos para
computadores e serviços para os animais de estimação.
A gama de serviços oferecidos
atingiu um tal patamar que atualmente a maioria dos segurados não
só contrata seus seguros com toda sorte de penduricalhos, muitas
vezes inúteis, como usa muito mais os serviços do que as coberturas
convencionais das apólices.
Para o segurado é indiferente se o
serviço 24 horas é ou não é seguro. O que ele quer é se valer
destas comodidades quando tiver necessidade de um serviço extra,
desde o prosaico motoqueiro que leva uma bateria nova até o técnico
em computação que arruma o problema do tablet ou do micro.
Para as seguradoras, os serviços 24
horas são uma ferramenta de marketing barata e eficiente. Por isso
é importante aferir constantemente a qualidade do atendimento aos
segurados. Prestadores de serviços despreparados ou indiferentes ao
cliente são a melhor forma de espantar os segurados. Com a
universalização dos serviços 24 horas, não é apenas a regulação dos
sinistros que faz a diferença. Toda a cadeia de relacionamento da
seguradora com seu segurados e corretores deve girar perfeitamente
azeitada, para reduzir os problemas ao mínimo.