Os Jogos Olímpicos Rio 2016,
reunindo cerca de 206 países, a partir do próximo dia 5 serão
acompanhados por cerca de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo. São
306 provas em 42 modalidades esportivas, sendo que 136 delas só
para atletas mulheres, 161 para homens e 9 mistas. Trata-se, sem
dúvida, do maior evento esportivo do planeta.
O circo está armado, isto é, mais
ou menos armado em vista das ocorrências primárias da Vila
Olímpica. As delegações estrangeiras, visitantes e sobretudo
jornalistas estrangeiros estão povoando o cenário carioca. Caberá
aos jornalistas e seus veículos de comunicação a responsabilidade
de difundir em todo o mundo as quebras de recordes, as alegrias e
decepções de atletas. Para se ter ideia de como essa cobertura
jornalística é lavada a sério basta observar-se a quantidade de
equipamentos de telecomunicação, contratação de canais de satélites
e pessoal mobilizado.
Concomitantemente a todo esse
aparato, quantos anunciantes e patrocinadores estão investindo há
muitos meses para fazer dessa oportunidade uma geradora de negócios
para seus produtos e serviços? E quantas agências de propaganda,
globais e nacionais estão queimando fosfato dos seus criativos para
se destacarem num mercado cada vez mais competitivo?
Num cenário de incertezas, com
ideologias conflitantes, sanha e ódios raciais como o mundo vive
nos dias de hoje cabe mais uma pergunta, esta pragmática e
catastrófica: a Rio 2016 pode ser suspensa ou cancelada? Resposta:
Não, pelo menos do ponto de vista de proteção de patrimônios
tangíveis – os intangíveis merecem outro tipo de avaliação, mas
também podem receber cobertura pecuniária.
Para fazer face aos imprevistos –
incluindo ações terroristas, pandemia (olha a Zika aí, gente) e
catástrofes naturais, o Comitê Olímpico Internacional (COI) assinou
uma apólice de seguro no valor de US$ 2 bilhões, com um pool de
seguradoras e resseguradoras mundiais. (Os Jogos Paralímpicos estão
fora desse valor visto que para eles o seguro será efetuado por
meio de seguradoras nacionais).
No último dia 27, durante reunião
do Comitê da Cadeia Produtiva do Esporte (CODE), da Fiesp, o tema
foi tratado em detalhes por um especialista na área de seguros e
suas complexidades. Nesse encontro, um detalhe ficou muito claro
uma vez que para os mega valores investidos envolvem conglomerados
e potencias financeiras de valor e reputação de marcas não haverá
prejuízos.
Claro que na pior das hipóteses
terão que mobilizar seus escritórios de advocacia para fazer
reparação de danos. Se no dia e horário, por exemplo, canais como
CCTV 5, da China; Deutsche Weller, da Alemanha; Fox Sports, dos
Estados Unidos e NHK, do Japão não cumprirem seus contratos, a casa
cai. Os contratos milionários dessas coberturas – em euros, dólares
ou em reais – reservam as suas cláusulas de penalidades, que serão
acionadas – alguém pagará a conta. Isso, sem contar a repercussão
global em relação aos eventuais culpados.
O Comitê Olímpico Internacional
trata desse tema com certa naturalidade em decorrência de sua
experiência no trato do tema, mas o ideal mesmo é que apólices
dessa envergadura sejam apenas guardadas numa gaveta e fiquem sem
uso. Afinal, assim como os jogos e os atletas, o que deve ficar é
um legado positivo para a história.