As pessoas se perguntam como uma
Companhia de Seguros pode assumir a responsabilidade pelos riscos
econômicos dos seus Segurados, e a resposta é que elas usam um
mecanismo também conhecido como Fundo Comum dos Segurados (que
deriva do Mutualismo).
Mas este mecanismo não significa
que estamos controlando os riscos. Para isto é necessário lançar
mão de uma ferramenta conhecida como Gestão de Riscos, que trata do
conjunto de técnicas que objetiva reduzir os efeitos das perdas,
enfocando o tratamento de riscos que possam causar danos.
Esse tratamento envolve o processo
de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos humanos e
materiais de uma Organização, no sentido de minimizar os efeitos
dos riscos, ao mínimo custo possível. (George Head)
As bases para execução da gestão
são constituídas pelo controle dos riscos que se organizam em um
programa de prevenção de perdas, reduzindo tanto a frequência como
a severidade dos acidentes, e também do financiamento dos riscos
remanescentes, retendo-os ou transferindo-os, total ou
parcialmente, para Seguradoras. As ações praticadas a partir de
seus princípios proporcionam eficaz proteção, eliminando ou
reduzindo, efetivamente, a maioria dos riscos acidentais.
Como benefícios advindos da
gerência de riscos, entre outros podemos citar a contratação de
seguros adequados, que em função da redução dos riscos e/ou a
redução consciente dos riscos, provocam a diminuição dos
prêmios.
Em se tratando de seguros de
pessoas, tratamos de sua preservação e usando como exemplo o
ambiente laboral, trata-se de manter os funcionários motivados,
propiciando a manutenção e aumento do fluxo produtivo e
consequentemente da permanência das empresas no mercado com
manutenção de sua competitividade.
Referindo-nos à situações na qual a
ocorrência do risco pode ser certa (como a morte), a triagem dos
riscos deve observar principalmente a possibilidade de ocorrência
deste evento, sem prejuízo de outros eventualmente garantidos.
Deve-se ter em foco que a
Seguradora não é obrigada a aceitar todo e qualquer risco e/ou
capital segurado a ela sugerido. Observada a característica da
atividade exercida pelos Proponentes, seguradores podem aceitar com
restrições ou mesmo recusar seguros, em função de sua avaliação dos
riscos envolvidos.
Sem esgotamento das análises
possíveis, vejamos alguns dos riscos envolvidos :
- desconhecimento das atividades
desenvolvidas pelos seguráveis e de suas características
pessoais;
- envelhecimento da massa
segurada;
- existência de Segurados afastados
por ordem médica e/ou más condições de saúde;
- capitais segurados com valores
muito superiores à média do grupo;
- alta probabilidade de ocorrência
de sinistros, em função da idade média atuarial de determinado
grupo ser muito elevada;
- existência, no caso de
transferência de risco de uma Seguradora para outra, de Segurados
afastados por doença;
- apropriação do prêmio pelo
Estipulante, no caso de seguros onde há pagamento pelo Segurado de
parte de todo o prêmio do seguro;
- pagamento de prêmio fora de
prazo;
- redução da margem de ganho em
função da elevação dos custos de comercialização;
- aplicação de multas por não
cumprimento da legislação vigente;
- risco da Seguradora “quebrar” em
função da má gestão dos recursos.
Como forma de tratamento dos riscos
apresentados, a recomendação das ações aplicáveis seriam :
- utilizar a proposta de adesão,
além da inclusão de carências para a cobertura de Morte (por óbito
consequente de causas naturais) e para IFPD/ILPD, em função de
demanda eventualmente represada;
- buscar o fechamento de negócios
onde a idade média seja inferior à constatada na carteira
segurada;
- declinar afastados por ordem
médica e/ou más condições de saúde, ou aceitar com agravamento;
- estabelecer capitais máximos de
acordo com a capacidade de equilíbrio no grupo, limitando as
importâncias em risco de forma linear ou escalonada, bem como
repassar riscos excedentes por meio de cosseguro e/ou resseguro
- limitar idade para inclusão e/ou
de capitais;
- avaliar o impacto da
sinistralidade para eventuais riscos em materialização;
- analisar previamente o risco de
crédito do Estipulante e, se for o caso, ativar as medidas legais
apropriadas contra o Estipulante para o recebimento dos prêmios
devidos. Na situação de não haver substituto adequado para a figura
do Estipulante no sentido de recolhimento dos prêmios, efetuar o
cancelamento da apólice a partir do período de vigência seguinte ao
coberto pelo último prêmio pago pelos Segurados;
- instalar salvaguardas em
programas de regulação/liquidação, ligando pagamento de prêmios à
liberação de sinistros e, se for o caso de aceitação de prêmios
além do prazo de vencimento, solicitar do Estipulante e/ou Segurado
declaração de que não há conhecimento, da parte destes, de sinistro
ocorrido entre a data de vencimento original e a nova data de
pagamento;
- reduzir os valores destinados à
comercialização;
- revisar constantemente os
parâmetros legais aplicáveis à operação e produtos;
- acompanhar por mecanismos
internos e externos, os parâmetros financeiros, operacionais,
técnicos e atuariais, conforme estabelecidos pelo plano de ação da
seguradora e pela legislação aplicável.
Entre os benefícios advindos da
aplicação do Gerenciamento de Riscos, podemos destacar:
- Garantir a homogeneidade
saudável no grupo segurado;
- Evitar a quebra no fluxo de
recebíveis, em função de apropriações indébitas;
- Fazer com que haja um
adequado acompanhamento dos riscos, possibilitando ativar medidas
de proteção quando necessárias;
- Permitir uma adequada
liquidação de sinistros, evitando pagamentos incorretos e/ou
duplicados;
- Reduzir a
sinistralidade;
- Possibilitar reunir
informações suficientes para ajustes técnicos e/ou lançamento de
novos produtos;
- Evitar a aplicação de
sanções/multas;
- Permitir o acesso a maiores
fatias de mercado, haja vista o conhecimento do risco;
- Elevar a rentabilidade da
carteira;
- Auxiliar na formação da
poupança nacional.
O enfoque dos processos de
gerenciamento de riscos, devem se pautar pela orientação ao
processo e pela integração de ações de forma positiva, pró ativa,
abrangente, contínua e com base em valor.
Com esta forma de agir, previnem-se
grandes erros, evitam-se grandes surpresas e restringem-se as
perdas de oportunidades.
Finalizando, cito um grande e
conhecido gestor que buscava conhecer profundamente sua atividade e
a dimensão da influência das pessoas no mundo: - “Você pode sonhar,
criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas
é preciso gente para fazer do sonho uma realidade.” (Walt
Disney)