Maratona de conhecimento. É o que
aconteceu durante o 19 Congresso Nacional dos Corretores de
Seguros. Profissionais de todo o país acompanharam as diversas
palestras em busca de informações que podiam ajudá-los a dinamizar
sua atuação e levar qualidade ao atendimento aos clientes.
Uma das palestras que entra na
categoria informativa e que prendeu atenção dos profissionais foi a
que falou sobre a “Lei do Desmonte, Acidentologia e Vitimação no
Trânsito”. O tema faz parte do ciclo de eventos que passou por
diversas capitais promovida pela Fenacor para discutir os efeitos
da Lei Federal 12.977/14.
Participaram dessa palestra em Foz
do Iguaçu, Márcio Norton, assessor da presidência da Seguradora
Líder DPVAT; Claudio Contador diretor do Centro de Pesquisa e
Economia do Seguro (CPES) da Escola Nacional de Seguros, José
Aurélio Ramalho diretor-presidente do Observatório Nacional de
Segurança Viária e Neival Rodrigues Freitas diretor Executivo da
Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg).
Freitas mostrou aos corretores
dados sobre o roubo e furto de veículos e explicou o funcionamento
da lei. Ele ainda destacou a importância do rigor na autorização e
fiscalização das empresas que venham a trabalhar com reciclagem de
veículos além da necessidade de um controle mais severo na
desmontagem com baixa do veículo no Detran. “É importante que se
crie também um banco de dados nacional das peças retiradas dos
veículos desmontados”, acrescentou. O dirigente da FenSeg
também abordou os reflexos na segurança publica com redução no
número de roubos de veículos e assassinatos, além dos benefícios ao
meio ambiente já que há uma reciclagem e reutilização de diversas
peças e os efeitos para o meio ambiente e saúde.
Já Márcio Norton falou da
importância social do DPVAT e da oportunidade que ele oferece ao
Corretor de Seguros. Ele lembrou que alguns seguros obrigatórios
são previstos na legislação, muitos deles têm um caráter social,
como o DPVAT que tem coberturas por morte, invalidez permanente,
despesas médicas e hospitalares. “É importante lembrar que o valor
está congelado há alguns anos por força de lei”, disse. Ele
acrescentou que o DPVAT é uma conquista brasileira sem
similar em outros países e que seu pagamento independe da
investigação de culpa. “É a única modalidade que dá cobertura a
população em qualquer ponto do país, independe da identificação do
veículo, da comprovação de pagamento, e indeniza individualmente
todas as vítimas do acidente, transportadas ou não”.
Segundo Norton o grande desafio foi
atender todo o país que tem dimensões continentais com algumas
localidades com baixa densidade ocupacional. Ele falou sobre o
programa corretor parceiro DPVAT para estimular os corretores a
aderirem ao programa e lembrou que o corretor de seguros é o
profissional ideal porque tem credibilidade institucional e o
conhecimento do produto. “infelizmente a adesão foi baixa, por
conta disso, foi feita uma parceria com o Correios para reduzir o
número de ações na justiça por falta de pagamento”, explicou.
José Aurélio Ramalho falou sobre o
trabalho feito pela Observatório Nacional de Segurança, uma Oscip
criada a partir da iniciativa de profissionais de diferentes áreas
(Educação, Fiscalização, Legislação, Veicular, Engenharia etc.),
que decidiram fundar uma organização que atue como agente
catalisador da sociedade brasileira no que diz respeito ao
desenvolvimento e à gestão de ações de segurança viária e veicular.
Ramalho forneceu números assustadores sobre acidentes. Ele disse
ainda que esse é um problema que interessa e muito ao mercado de
seguros. Já que o acidente no trânsito pode ser evitado. Segundo
ele, 90% dos acidentes são causados pelo fator humano. “O acidente
de trânsito tem um efeito social e financeiro; são 180 mil
internações no SUS por conta desses acidentes”, alertou. No
raciocínio de Ramalho, a pessoa que sofre o acidente e fica
impossibilitada de pagar o aluguel vai usar o seguro fiança, se não
puder trabalhar, pode usar o dinheiro da capitalização. Um acidente
de trânsito afeta toda a indústria de seguros. “Quem paga é a
seguradora”, disse ele.
Ele apresentou aos corretores o
portal da acidentologia que está abrigado no site da Escola
Nacional de Seguros (www.funenseg.org.br/acidentologia)
e que vai ter dados, estudos e informações importantes ao dia a dia
dos profissionais. Ramalho defende que a formação do condutor é
falha e que o corretor de seguros pode ser um articulador nessa
mudança. Ramalho falou também do envolvimento do projeto “Maio
Amarelo” que foi lançado em 2014 pela Oscip e que esse ano
aconteceu em 29 países. “É um movimento que os corretores podem
trabalhar localmente”, disse.
Já Claudio Contador falou sobre o
Centro de Pesquisas da Escola Nacional de Seguros e sobre os custos
econômicos das mortes e incapacitação prematura provocadas pelos
acidentes de trânsito. Contador revelou que 90% dos acidentados no
trânsito estão na faixa etária de 18 a 64 anos, a fase mais
produtiva da vida. “Se essa pessoa fica incapacitada, ou morre, é
uma vida perdida, mas indo mais além, perde-se tudo o que essa
pessoa poderia produzir”, disse. Além disso, quando a pessoa fica
incapacitada, ela cria uma despesa para o estado seja porque ela
entra na folha de pagamento da previdência ou porque precisará de
tratamento na rede pública de saúde.
A perda anual com acidentes de
trânsito gira em torno de 220 bilhões de reais. “Impossível que
esse país continue jogando fora capitais humanos da forma
como temos feito”.
Em vigor desde 1º de maio de 2015,
a “lei do desmonte”, como é também conhecida, tem por objetivo
combater o comércio clandestino de peças e, assim, contribuir com a
diminuição dos roubos e furtos veículos no País.
No Estado de São Paulo, onde lei
semelhante completou um ano de vigência, mais de 650 desmanches que
funcionavam de maneira irregular foram fechados, de acordo com o
Detran, e o número de roubos e furtos de veículos caiu de 47 mil no
segundo semestre de 2014 para 35 mil no primeiro semestre deste
ano, o que representa uma queda de quase 25%.