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Acidentes de trânsito afetam indústria de seguros

Fonte: CQCS Data: 13 outubro 2015 Nenhum comentário

Maratona de conhecimento. É o que aconteceu durante o 19  Congresso Nacional dos Corretores de Seguros. Profissionais de todo o país acompanharam as diversas palestras em busca de informações que podiam ajudá-los a dinamizar sua atuação e levar qualidade ao atendimento aos clientes.

Uma das palestras que entra na categoria informativa e que prendeu atenção dos profissionais foi a que falou sobre a “Lei do Desmonte, Acidentologia e Vitimação no Trânsito”. O tema faz parte do ciclo de eventos que passou por diversas capitais promovida pela Fenacor para discutir os efeitos da Lei Federal 12.977/14.

Participaram dessa palestra em Foz do Iguaçu, Márcio Norton, assessor da presidência da Seguradora Líder DPVAT; Claudio Contador diretor do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) da Escola Nacional de Seguros, José Aurélio Ramalho diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária e Neival Rodrigues Freitas diretor Executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg).

Freitas mostrou aos corretores dados sobre o roubo e furto de veículos e explicou o funcionamento da lei. Ele ainda destacou a importância do rigor na autorização e fiscalização das empresas que venham a trabalhar com reciclagem de veículos além da necessidade de um controle mais severo na desmontagem com baixa do veículo no Detran. “É importante que se crie também um banco de dados nacional das peças retiradas dos veículos desmontados”, acrescentou.  O dirigente da FenSeg também abordou os reflexos na segurança publica com redução no número de roubos de veículos e assassinatos, além dos benefícios ao meio ambiente já que há uma reciclagem e reutilização de diversas peças e os efeitos para o meio ambiente e saúde.

Já Márcio Norton falou da importância social do DPVAT e da oportunidade que ele oferece ao Corretor de Seguros. Ele lembrou que alguns seguros obrigatórios são previstos na legislação, muitos deles têm um caráter social, como o DPVAT que tem coberturas por morte, invalidez permanente, despesas médicas e hospitalares. “É importante lembrar que o valor está congelado há alguns anos por força de lei”, disse. Ele acrescentou que o  DPVAT é uma conquista brasileira sem similar em outros países e que seu pagamento independe da investigação de culpa. “É a única modalidade que dá cobertura a população em qualquer ponto do país, independe da identificação do veículo, da comprovação de pagamento, e indeniza individualmente todas as vítimas do acidente, transportadas ou não”.

Segundo Norton o grande desafio foi atender todo o país que tem dimensões continentais com algumas localidades com baixa densidade ocupacional. Ele falou sobre o programa corretor parceiro DPVAT para estimular os corretores a aderirem ao programa e lembrou que o corretor de seguros é o profissional ideal porque tem credibilidade institucional e o conhecimento do produto. “infelizmente a adesão foi baixa, por conta disso, foi feita uma parceria com o Correios para reduzir o número de ações na justiça por falta de pagamento”, explicou.

José Aurélio Ramalho falou sobre o trabalho feito pela Observatório Nacional de Segurança, uma Oscip criada a partir da iniciativa de profissionais de diferentes áreas (Educação, Fiscalização, Legislação, Veicular, Engenharia etc.), que decidiram fundar uma organização que atue como agente catalisador da sociedade brasileira no que diz respeito ao desenvolvimento e à gestão de ações de segurança viária e veicular. Ramalho forneceu números assustadores sobre acidentes. Ele disse ainda que esse é um problema que interessa e muito ao mercado de seguros. Já que o acidente no trânsito pode ser evitado. Segundo ele, 90% dos acidentes são causados pelo fator humano. “O acidente de trânsito tem um efeito social e financeiro; são 180 mil internações no SUS por conta desses acidentes”, alertou. No raciocínio de Ramalho, a pessoa que sofre o acidente e fica impossibilitada de pagar o aluguel vai usar o seguro fiança, se não puder trabalhar, pode usar o dinheiro da capitalização. Um acidente de trânsito afeta toda a indústria de seguros. “Quem paga é a seguradora”, disse ele.

Ele apresentou aos corretores o portal da acidentologia que está abrigado no site da Escola Nacional de Seguros (www.funenseg.org.br/acidentologia) e que vai ter dados, estudos e informações importantes ao dia a dia dos profissionais. Ramalho defende que a formação do condutor é falha e que o corretor de seguros pode ser um articulador nessa mudança. Ramalho falou também do envolvimento do projeto “Maio Amarelo” que foi lançado em 2014 pela Oscip e que esse ano aconteceu em 29 países. “É um movimento que os corretores podem trabalhar localmente”, disse.

Já Claudio Contador falou sobre o Centro de Pesquisas da Escola Nacional de Seguros e sobre os custos econômicos das mortes e incapacitação prematura provocadas pelos acidentes de trânsito. Contador revelou que 90% dos acidentados no trânsito estão na faixa etária de 18 a 64 anos, a fase mais produtiva da vida. “Se essa pessoa fica incapacitada, ou morre, é uma vida perdida, mas indo mais além, perde-se tudo o que essa pessoa poderia produzir”, disse. Além disso, quando a pessoa fica incapacitada, ela cria uma despesa para o estado seja porque ela entra na folha de pagamento da previdência ou porque precisará de tratamento na rede pública de saúde.

A perda anual com acidentes de trânsito gira em torno de 220 bilhões de reais. “Impossível que esse país continue jogando fora capitais  humanos da forma como temos feito”.

Em vigor desde 1º de maio de 2015, a “lei do desmonte”, como é também conhecida, tem por objetivo combater o comércio clandestino de peças e, assim, contribuir com a diminuição dos roubos e furtos veículos no País.

No Estado de São Paulo, onde lei semelhante completou um ano de vigência, mais de 650 desmanches que funcionavam de maneira irregular foram fechados, de acordo com o Detran, e o número de roubos e furtos de veículos caiu de 47 mil no segundo semestre de 2014 para 35 mil no primeiro semestre deste ano, o que representa uma queda de quase 25%.

 

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