O Ministério Público convocou os
hospitais de Montes Claros e Janaúba a enfrentar a máfia do DPVAT
que atuava no Norte de Minas, impedindo que os agenciadores atuem
dentro dos pronto-socorros aliciando vítimas de acidentes de
trânsito. Os promotores Paulo Márcio Dias e Guilherme Lorenzo
Fernandez mostraram a eles que existe necessidade de cortar
qualquer vínculo dos atendentes dos hospitais com as empresas que
atuam como despachantes do seguro obrigatório, pois qualquer
participação dos funcionários será coibida de forma rigorosa pela
Polícia e Ministério Público.
Eles anunciaram ainda que a
operação Tempo de Despertar, realizada no início de abril que
culminou com a prisão de 39 pessoas e descobriu um rombo estimado
em R$ 28 milhões, terá prosseguimento com a prisão de mais
envolvidos. Até agora, estão presas sete pessoas, como o diretor
administrativo do Hospital Regional de Janaúba, Leonardo Santos
Fleury, único dirigente de hospital envolvido no esquema flagrado
em escutas telefônicas. Os promotores salientaram que o
envolvimento dele preocupou e mostrou a complexidade do esquema
montado pela quadrilha.
Na reunião, os promotores mostraram
que o principal local de atuação dos agenciadores do Seguro DPVAT é
dentro dos hospitais, onde as vítimas procuram o atendimento. Até
então, ficou comprovado que funcionários dos hospitais acionavam os
agenciadores do seguro de trânsito, que faziam a abordagem da
vítima antes mesmo de receber o atendimento. As escutas telefônicas
flagraram este esquema. O pedido é que todo caso constatado pelos
hospitais seja comunicado imediatamente ao Ministério Público, para
a Polícia ser encaminhada e fazer o flagrante do envolvido.
Outro esquema descoberto pela
Polícia Federal e Ministério Público foi a falsificação de boletins
de ocorrências, quando policiais registravam boletins a pedido das
empresas que atuavam no esquema, sem as presenças das vítimas.
Outros casos, pessoas que ficaram feridas quando jogavam bola,
caíram do cavalo ou mesmo se envolveram em brigas, acabavam
recebendo o seguro Dpvat, com a fraude do Boletim de Ocorrência
como se fosse acidente.