Há menos de um ano a frente da
Superintendência de Seguros Privados (Susep), Roberto Westenberger,
tem o desafio, ao ser efetivado no cargo, de modernizar a
autarquia e incentivar o desenvolvimento do seguro para que o setor
possa ser utilizado como instrumento de auxílio à política
macroeconômica. Embora o projeto, batizado de “nova Susep”, tenha
recebido o apoio da Fazenda, o atual ministro Joaquim Levy
(foto) cobrou, em troca, uma maior
representatividade do setor e que as seguradoras sejam investidores
institucionais mais “parrudos”, contribuindo para a “árdua” tarefa
do governo de colocar o País nos trilhos.
O entendimento, segundo
Westenberger, é de que o setor tem baixa penetração frente ao
tamanho do Brasil. Hoje, é de cerca de 6% do Produto Interno Bruto
(PIB). De janeiro a novembro do ano passado, o faturamento das
seguradoras, chamados de prêmios, totalizou R$ 174,4 bilhões,
montante 9,76% maior em relação ao visto em igual intervalo de
2013, conforme a consultoria Siscorp com base nos dados da Susep.
Os números não consideram os recursos dos planos de saúde regulados
pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
“A produção de prêmios frente ao
País é relativamente pequena. Não obstante do aperto de cinto geral
na economia, estamos devendo crescimento. Ficamos muito tempo
represados com o monopólio de resseguros, mas ainda podemos
recuperar o tempo perdido”, diz Westenberger, em entrevista ao
Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a
primeira após ter sido efetivado como superintendente da Susep, na
semana passada.
Durante 70 anos, o IRB Brasil Re,
privatizado recentemente, teve o monopólio do mercado de resseguros
no Brasil. Neste período, o segmento ficou fechado para players
interessados e também para o desenvolvimento ou importação de novas
coberturas e seguros. Desde a abertura do mercado, em 2008, porém,
123 resseguradoras foram abertas no País. São 16 locais, com
reserva de mercado de 40% dos prêmios e capital mínimo de R$ 60
milhões, 35 admitidas, com capital mínimo de R$ 5 milhões, e 72
eventuais, com registro na Susep.
Para 2014, cujos números ainda não
foram fechados, ele espera que o mercado de seguros cresça entre
10% e 11%. A mesma performance deve se repetir neste ano apesar da
expectativa de um PIB estacionado. O superintende da Susep diz que
manter o mesmo patamar de expansão, apesar de ter entregue avanços
bem mais polpudos anos atrás, é um feito em meio à situação
macroeconômica “restritiva”. Garante, contudo, que a Susep vai
trabalhar para acelerar a expansão dos prêmios em 2015.
Como lição de casa para desenvolver
o mercado de seguros no Brasil, além de todo o investimento
tecnologia da informação para automatizar a supervisão e torná-la
um trabalho, preferencialmente, eletrônico, há ainda o lançamento
de ao menos cinco novos produtos, de acordo com Westenberger, que
na semana passada esteve com Levy para discutir as prioridades da
Susep. São esperadas novidades na área de vida e previdência, como
o universal life e o VGBL saúde, para os fundos de pensão, que
convivem com o desafio de aumentarem suas reservas para fazer
frente aos riscos de longevidade, e um seguro popular para
automóvel.
Outro produto, este menos
adiantado, é, conforme o superintendente da Susep, o seguro
garantia para obras de infraestrutura licitadas pelo poder público.
Trata-se de uma modernização da solução já ofertada no mercado, com
a ampliação da cobertura existente, de 5% para 30%. “A garantia
existente é pouca para os riscos envolvidos nos projetos e isso
gera certo desinteresse das seguradoras em participar de grandes
obras licitadas”, explica Westenberger.
Nesse processo de transformar a
Susep em um regulador mais ágil e confiável, ele descarta, porém, a
ampliação do número de servidores. O desafio está, conforme o
superintendente da autarquia, em fazer mais com menos. Com um
orçamento de pouco menos de R$ 30 milhões para este ano, ainda
dependente da sanção do governo, a autarquia procura fontes
alternativas de financiamento para tocar o seu projeto de
modernização.
Neste momento, negocia empréstimo
com o Banco Mundial na linha global que a instituição dispõe para o
desenvolvimento de órgãos reguladores. Westenberger não revela,
entretanto, valores, já que as conversas ainda estão
acontecendo.
“Não estou preocupado com a questão
de recursos. Não necessariamente o investimento que faremos, cuja
maioria dos recursos será aplicada em TI, virá do orçamento do
governo”, finaliza o superintendente da Susep.