Incidentes no trabalho acontecem. E costumam vir acompanhados de prejuízo. Por isso, seguros contra imprevistos e omissões no exercício profissional fazem parte da realidade de médicos, engenheiros e contadores brasileiros há muito tempo.
São os chamados seguros de responsabilidade civil profissional, que cobrem danos não intencionais a terceiros no exercício de uma atividade. No caso de médicos, as apólices amparam diagnósticos e tratamentos equivocados, por exemplo. Já engenheiros blindam-se contra erros de cálculo em projetos estruturais.
As indenizações e os reparos são arcados por seguradoras após análise de cada trabalho e sua exposição ao risco, conforme explica Marcio Guerrero, presidente da Comissão de Responsabilidade Civil da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). Mas há outras vantagens: “Antes mesmo da comprovação do dano, o segurado já tem direito a benefícios como a cobertura dos custos de defesa judicial”, exemplifica.
Segundo Guerrero, esse mercado movimentou cerca de 150 milhões de reais no Brasil em 2013. E ainda há espaço para crescer, o que é evidenciado pelo aumento da oferta de contratos específicos para profissões menos tradicionais.
A expansão das apólices para novas áreas menos comuns reflete um refinamento do perfil dos clientes, cada vez mais conhecedores de seus direitos, de acordo com Roberto Mello, consultor da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea).
“Os arquitetos viveram isso. Com a evolução de legislações como a de Defesa do Consumidor, as responsabilidades desse profissional num projeto ficaram mais definidas e fizeram da responsabilidade civil uma ferramenta de trabalho”, afirma.
Outro segmento em ampliação é o de seguros para advogados, fruto do universo por vezes extremamente técnico do direito. “Quando os escritórios de advocacia atingem certo porte tanto em tamanho quanto em complexidade de clientes, é temerário não ter uma apólice”, expõe Marta Viegas, sócia na área de seguros e resseguros do escritório TozziniFreire Advogados. A lista de atividades seguradas só cresce. Confira, a seguir, outros 5 seguros para a rotina de profissões menos convencionais:
1. Mídia: agências de publicidade, jornais e gráficas podem recorrer a seguros sob medida para empresas de comunicação. O contrato cobre erros em mensagens publicitárias e campanhas, como um anúncio publicado com um preço errado. Protege, ainda, de processos por violação de direitos autorais e de imagem
2. Administradores de escolas: a partir do momento em que o aluno entra num estabelecimento de ensino, creche, colégio ou universidade, este passa a ser responsável por ele. As apólices cobrem a preservação da integridade física do estudante, indenizações e até a contratação de consultores para reparar a reputação da companhia
3. Agentes de viagem: a reserva de passagens e diárias em hotéis, a organização e a execução do itinerário de viagem estão na rotina dos agentes. A multiplicidade de tarefas repletas de detalhes faz com que o profissional esteja cada vez mais atento aos possíveis erros, que nem sempre são notados em tempo
4. Profissionais de RH: as empresas de seleção e recrutamento de pessoas fornecem assessoria especializada a empregadores e indivíduos. Com as mudanças cada vez mais velozes nas leis trabalhistas, as apólices para profissionais de RH protegem de perdas financeiras originadas dos serviços prestados aos clientes
5. Produtores de eventos: seguro destinado a organizadores de eventos artísticos, corporativos, culturais, esportivos e religiosos. O seguro de responsabilidade civil profissional cobre danos causados por problemas de instalação, montagem, desmontagem, fornecimento de alimentos e bebidas e tumultos entre visitantes