Vinte e quatro horas após o Governo
Federal, por meio de seus ministros da Justiça e da Saúde, José
Eduardo Cardozo e Arthur Chioro, respectivamente, ter anunciado a
criação de um grupo de trabalho para estudar medidas que ponham fim
à Máfia das Próteses, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo
(Abramge), entidade que representa os planos de saúde, reforça
quais são as medidas adicionais que considera de caráter
urgente.
De acordo com o diretor da
entidade, Pedro Ramos, o setor vê de forma positiva a criação do
grupo de trabalho anunciado ontem pelo Governo. No entanto, Ramos
lembra que já houve um outro grupo de trabalho há dois anos,
inclusive com a instalação de auditoria, que não teve efetividade.
“Achamos que apenas a criação de uma nova equipe deixa a porta
aberta para que essa máfia continue roubando o SUS e os planos de
saúde, e ameaçando a segurança clínica dos pacientes durante esse
próximo período”, avalia.
No entendimento da Abramge, o
Governo deveria adotar ainda outras medidas de emergência, tais
como:
- Ampla divulgação da auditoria realizada pela Polícia Federal
nos hospitais públicos sobre esse tema, além da apresentação das
eventuais irregularidades encontradas e de como está o processo de
punição dos responsáveis;
- Trabalho integrado entre a Polícia Federal e o Ministério
Público Federal para instrução de processos contra integrantes da
Máfia das Próteses em todo o território nacional;
- Orientação aos Procons, via Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon) e órgãos da imprensa oficial, para o apoio aos pacientes
na garantia de sua defesa médica e jurídica;
- Divulgação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), como referência imediata ao mercado, de estudo realizado
sobre padronização de nomenclatura, definição de parâmetros de
similaridade e estabelecimento de parâmetros públicos de
precificação dos produtos;
- Ampla divulgação da lista das principais empresas fornecedoras
desses materiais para o Governo, com os volumes comprados, valores
envolvidos, em um site específico.
- Consolidação de dados sobre a obtenção de liminares
contra o SUS sobre esse assunto, com sua ampla
divulgação.
“Se adotadas com urgência, essas
medidas podem ter um efeito imediato sobre o mercado”, defende
Ramos. O diretor da entidade considera que, no grupo de trabalho,
visando os 180 dias, outros temas devem figurar na pauta, entre
eles:
- adequação do
quadro jurídico para coibir práticas indevidas, sem prejuízo da
autonomia médica;
- elaboração e
divulgação de diretrizes e protocolos clínicos de utilização que
tornem mais evidente a necessidade dos materiais em cada caso;
- incentivo de
uma forma de remuneração que implique algum grau de
compartilhamento de riscos para trazer mais racionalidade no
uso dos insumos;
-
estabelecimento de ações de defesa da concorrência para reduzir
barreiras à competição na distribuição desses produtos; fomento de
políticas para importação, distribuição, comercialização e uso de
OPMEs;
-
fortalecimento da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias
no SUS.
A Abramge reforça a importância de
dar prioridade a ações mais efetivas. Cirurgias desnecessárias e
desumanas estão sendo realizadas. A Associação está à disposição
para esclarecimentos e informações adicionais.