A Petrobras adiantou R$ 356,7
milhões, que não foram quitados, ao consórcio UFN3, responsável
pela construção da fábrica de fertilizantes que a estatal está
construindo em Três Lagoas (MS), na divisa com São Paulo. As
antecipações deveriam ser pagas em futuras medições, mas o
consórcio – formado pela Galvão Engenharia (líder) e Sinopec
Petroleum do Brasil – entrou em insolvência, teve o contrato da
obra rescindido pela Petrobras e não terá mais como quitar a dívida
com recursos de medições.
A posição da Petrobras está em
recurso impetrado por seus advogados contra uma liminar concedida à
construtora GDK, que era a antiga líder do consórcio e vendeu sua
parte (33%) para a Galvão, mas não recebeu pelo negócio. Na
liminar, o juiz determina que a Petrobras deposite em juízo R$ 15,7
milhões, a título de futuras medições, à GDK. No entanto, em
recurso judicial, a Petrobras garante que não há verbas disponíveis
para a Galvão ou para o consórcio.
“A Petrobras ao verificar a
possibilidade de cumprimento da determinação constatou inexistir
saldo de pagamentos a serem feitos ao consórcio, haja vista ser
este último dever à Petrobras a quantia de R$ 356.701.720,83
decorrentes de adiantamentos contratuais não quitados”, argumenta o
advogado da Petrobras Adriano de Amorim Alves.
Segundo a Petrobras, há somente
duas medições a serem pagas, mas esses recursos já estão bloqueados
para pagar direitos trabalhistas de parte dos 5,3 mil operários
demitidos e garantir a alimentação dos trabalhadores que ainda
permanecem no canteiro da obra.
“Ademais os únicos valores
disponíveis encontram-se destinados ao pagamento das parcelas
rescisórias da força de trabalho anteriormente alocada na execução
da obra, além da segurança patrimonial dos fornecedores de
alimentos – despesas nitidamente essenciais – sendo indubitável que
sua redestinação acarretará grande comoção entre os ex-empregados
mobilizados no local, bem como graves prejuízos a Petrobras que
sequer é parte na presente demanda cautelar”, completa o advogado
na ação para embargar o bloqueio dos R$ 15,7 milhões, determinado
pelo juiz Argemiro de Azevedo Dutra, da 3ª Vara das Relações de
Consumo de Salvador (BA), para pagar a GDK.
Por conta da situação de
insolvência do consórcio – que teria dívida de R$ 400 milhões – a
Petrobras anunciou a rescisão do contrato de construção da fábrica
na semana passada. No dia 22, diretores da Petrobras se reúnem com
representantes da Sinopec para tentar um ressarcimento dos
prejuízos.
Atraso
Enquanto isso, a unidade, que está
orçada em R$ 3,1 bilhões e pretende ser uma das maiores plantas de
fertilizantes nitrogenados do mundo, continua com as obras
paralisadas. Segundo a Petrobras, a fábrica está com 80% das obras
concluídas, mas a entrega, que já tinha sido adiada de setembro de
2014 para junho de 2015, não tem mais prazo para ser cumprida.
Com as obras paralisadas,
trabalhadores ainda estão no canteiro tentando receber os acertos
trabalhistas para voltar para casa. Nesta semana, a Justiça
Trabalhista bloqueou R$ 50 milhões em equipamentos instalados no
canteiro e passou a rastrear bens da Galvão em todo o País. Nesta
quarta-feira, 17, juízes trabalhistas informaram que pretendem
recorrer à Justiça Federal de Curitiba para rastrear bens da Galvão
na tentativa de conseguir recursos para pagar os trabalhadores.
A reportagem não localizou
representantes do consórcio. O escritório da empresa, em Três
Lagoas, está fechado. A Petrobras não quis comentar o assunto.