A
presidência da república sancionou novas regras ao Super Simples em
agosto de 2014, incluindo todas as categorias profissionais, com o
princípio da universalização, beneficiando principalmente os
corretores de seguros com o enquadramento desses profissionais na
tabela III do tributo. De acordo com Alexandre Camillo, presidente
do Sindicato dos Corretores de Seguros no Estado de São Paulo
(Sincor-SP), trata-se de uma conquista da categoria sem precedentes
nas últimas décadas, porque permite que o corretor de seguros possa
empreender. “Todo um círculo virtuoso se inicia agora com essa
economia da carga tributária dos corretores de seguros”. Confira a
entrevista!
Você pode dimensionar a importância do
ingresso dos corretores de seguros no sistema tributário Simples,
depois de uma luta de tantos anos?
Alexandre Camillo – A entrada no
Simples é uma conquista sem precedentes, no mínimo nas últimas duas
décadas, ou talvez em toda a história do corretor de seguros, por
um motivo bastante claro que somente agora se obtém a justa carga
tributária para a atividade da corretagem de seguros. Antigamente
nós éramos enquadrados como agentes financeiros, tínhamos uma carga
tributária superior a várias outras atividades correlatas à nossa.
Todo um círculo virtuoso se inicia agora com essa economia da carga
tributária dos corretores de seguros.
A economia para os corretores de seguros
chega a quanto?
AC – Primeiramente temos a
diminuição de tributos da ordem de 40%, quase chegando a 50%, isso
porque contempla também a carga de tributos previdenciários.
Imagine que hoje a carga previdenciária esteja na ordem de 25,5%
sobre o salário pago a qualquer colaborador, então se um
colaborador ganha R$ 1 mil, de imediato o empregador pagava R$ 250
a mais por conta da carga previdenciária, e agora isso vai estar
embutido dentro do Simples.
O
Simples traz também a questão da desburocratização, ao invés de ter
diversas guias para pagar todo mês haverá apenas uma. Pode parecer
que isso não muda muito, mas muda sim, porque eventualmente a
pessoa pode esquecer uma delas, ou ter uma situação que a impeça
daquele pagamento, aí essa conta pequena vira uma bola de neve, e
quando vai ver está na dívida ativa, está com problemas.
A
economia gerada pelo Simples também propicia a legalização com o
acerto de dívidas. Já que está economizando, o corretor de seguros
verifica se há alguma dívida e regulariza, fica em dia com a sua
operação, pois não existe nada melhor do que estar de bem com o
fisco, com seu empreendimento aumentando, prosperando.
É o momento para o corretor de seguros
empreender?
AC – Sim, é a hora de colocar
seu negócio em ordem e investir para crescer. Para aderir ao
Simples o corretor de seguros precisa estar em dia com suas
obrigações como contribuinte, seja em relação aos impostos
federais, municipais, estaduais, e também às obrigações
previdenciárias. Tem que estar em dia, totalmente zerado. Quem tem
dívída, é o momento de regularizar, porque com a economia gerada
pode fazer um parcelamento dos débitos, por meio de um
Refis.
Outra
forma de legalizar seu negócio é formalizar a contratação de seus
funcionários que ainda não são registrados. Num padrão de pequena
empresa com um ou dois colaboradores, às vezes o segundo
colaborador não está devidamente formalizado, e isso pode trazer
problemas como a rotatividade e os processos trabalhistas. O
Simples vem facilitar isso pois como há a diminuição da carga
previdenciária não tem motivo para não ter todos os seus
colaboradores formalizados.
O
Simples trará um ganho incomensurável, conseguimos perceber uma
parte agora, mas o total não dá para avaliar. Para o o perfil do
corretor como empreendedor de pequeno e médio porte é um
facilitador gigante. Então agora é o momento de empreender, de o
corretor investir esse dinheiro que vai sobrar. Uma corretora de
seguros pode ser um bom empreendimento, sempre queremos ganhar
mais, mas é um negócio que não necessita de tantos investimentos na
largada, tem uma boa rentabilidade, e agora com esse justo
enquadramento tributário ficou fantástico.
Tem algum corretor de seguros que não vai
ingressar no Simples?
AC – O Super Simples é o
terceiro regime tributário entre os quais o empreendedor pode
optar, seja corretor de seguros ou outra atividade, desde que
faturando até R$ 3,6 milhões. Existem os regimes: Lucro Real, que
quem está abaixo de R$ 3,6 milhões não tem motivação para optar;
Lucro Presumido, que a maioria das pessoas optava, principalmente o
corretor de seguros; e agora o Super Simples. Hoje, no Lucro
Presumido uma corretora tem uma carga tributária de 17,33% em
cidades cujo ISS é 5%, em média 14,33%; já no Super Simples uma
corretora que fatura até R$ 180 mil vai pagar apenas 6% de imposto
por tudo, é uma redução incrível. Não tem o que dizer, não tem
razão para não optar.
Qual foi a participação do Sincor-SP
nessa conquista?
AC – Essa é uma luta de décadas,
então várias lideranças se engajaram, em seus diversos momentos e
oportunidades à frente do Sincor-SP ou de qualquer outro movimento.
Nós tivemos três frustrações anteriores, que foram três vetos, um
do Fernando Henrique Cardoso e dois do Lula, mas eram momentos
diferentes, outros cenários políticos e econômicos do Brasil, o que
não quer dizer que as lideranças da época não se esforçaram tanto
quanto hoje. Mas é assim que acontece, insistimos nas batalhas e
uma hora ganhamos a guerra. Nesse momento que ganhamos a guerra sem
dúvida temos que agradecer a todos aqueles que lutaram.
Nesse
atual momento houve uma participação importantíssima do deputado
federal Armando Vergílio no correto enquadramento da nossa
categoria na tabela III, isso é realmente um mérito dele, e somada
a isso a união de todos em torno dos sindicatos que se mobilizaram
com seus conhecimentos e relacionamentos políticos para fazer
chegar ao poder executivo a nossa demanda. A presidente Dilma já
estava perfeitamente brifada, nós (Sincor-SP e Fenacor) tivemos a
oportunidade de estar com o vice-presidente da república Michel
Temer, entregar levantamentos, e a longa luta terminou bem. Essa
queda de braço era nossa com a Receita Federal, o poder executivo
fica entre os dois, entre contribuinte e o fisco, nesse caso
ganhamos, eles tentam arrecadar cada vez mais, mas realizamos um
trabalho de verdade. Nós, presidentes de sindicatos, o presidente
da Fenacor Robert Bittar, o presidente licenciado Armando Vergílio,
todos fizemos os nossos contatos políticos e a categoria em peso
participou, se manifestou. Tanto é verdade que a presidente Dilma
várias vezes citou os corretores de seguros durante a solenidade da
sanção, frisando que estávamos em um grande número, e que recebeu
muitos emails da categoria. Foi uma demonstração de união das
lideranças e de todos os corretores de seguros numa forma geral,
cada um fazendo seu papel e quando isso acontece a chance de
resultado é muito grande.