Dados
divulgados pelo Unicef mostram ainda que 15% dos mortos eram
menores de 15 anos
Pelo
menos 3,7 mil crianças da Guiné-Conacri, da Libéria e de Serra Leoa
ficaram órfãs, tendo perdido pelo menos um dos seus pais devido ao
vírus ebola, indicam estimativas do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) divulgadas nesta terça-feira (30). O Unicef
alertou que, como a epidemia se intensificou nas últimas semanas, o
número de órfãos por causa do vírus pode duplicar até meados de
outubro.
“Sabemos que os números que temos são
apenas a ponta do iceberg”, disse Manuel Fontaine, diretor regional
do Unicef para a África Ocidental, em uma videoconferência a partir
de Dacar, capital do Senegal. Um dos principais problemas
enfrentados por esses menores é o repúdio por parte da família por
receio de que possam transmitir a doença.
“Vemos que alguns familiares ou
vizinhos lhes dão de comer, mas poucos querem acolhê-los”, disse
Fontaine, salientando ser “raríssimo na África que a família não
assuma o cuidado das crianças”, o que “mostra o medo que
reina”.
Diante da situação, o Unicef está
tentando criar centros infantis para acolher os órfãos. Uma das
possibilidades é que os que sobreviveram ao vírus fiquem
encarregados das crianças. De acordo com os dados divulgados pelo
Unicef, dos mais de 3.100 mortos por causa do ebola, 15% eram
menores de 15 anos.
As Nações Unidas informaram que de um
total de US$ 987 milhões solicitados para a luta contra o ebola,
apenas US$ 254 milhões foram recebidos até agora, o que corresponde
a 26%. Em seis meses, o ebola infectou 6.553 pessoas, na maior
epidemia da doença registrada desde que o vírus foi descoberto em
1976 no antigo Zaire, que é atualmente a República Democrática do
Congo.