Há
sempre histórias de pessoas que caíram no conto da associação de
proteção, mas que voltaram à realidade quando precisaram da
cobertura para um sinistro. É claro que essa atividade ilegal traz
muitos prejuízos tanto para quem compra como para o mercado de
seguros como um todo.
O
Presidente do Sincor-DF, Dorival Alves, explica exatamente o que
essas associações garantem ao consumidor. “Prometem que você irá
aderir ao grupo e, caso ocorra algum sinistro, todas as pessoas
participam de um rateio para pagar o prejuízo. Porém o valor da
mensalidade é para manter o staff e não para cobrir risco
algum.”
O
problema está no cumprimento, porque o consumidor imagina que é uma
apólice de seguro, mas só descobre a verdade na hora da
necessidade. “Há várias ações judiciais de associados contra essas
associações, porque não cumpriram o que imaginava que era uma
apólice de seguros. Em 99% tem causa ganha, porém essas associações
estão sediadas em algumas cidades do interior de Minas. Muitos
conseguem vitória no judiciário, mas tem apenas um representante
que coloca o número de telefone celular e não um endereço fixo. Com
a sentença do juiz, a cobrança será encaminhada para o Estado. O
processo pode levar até cinco anos, isso se a associação tiver bens
para penhora, o que muitas vezes não tem.”
Engana-se quem pensa que esse engodo não acontece
por muitas vezes. Dorival cita um exemplo. “Um dos mais absurdos é
no estado de Goiás, que o veículo foi furtado. Buscaram
argumentação que não teria garantia, depois de algumas reclamações,
a associação emitiu o cheque para o pagamento da indenização, mas o
cheque foi devolvido sem fundo. É o mais cômico, crítico e absurdo
que acontece e as pessoas não tem noção disso.”
A
corretora Virgínia Vilela, da Corretora Codsman Corretora de
Seguros, enfatiza o outro lado dos prejuízos das associações, que é
a concorrência desleal. “As associações vendem irregularmente uma
proteção veicular que é ilícita no mercado e assim competem com as
seguradoras e corretoras reguladas e normatizadas pela Susep com um
preço mais barato. Além de ferir o poder das pessoas que compram e
desfazer a imagem do seguro na hora que não há caixa para
pagar.”
Para
ela a falta de informação do cliente também ajuda a expandir a ação
das associações. “O cliente não sabe o que é seguro e o que é
associação, fecha contrato achando que é seguro. As associações
entram na concorrência, diminuem o mercado do corretor e trazem
prejuízo financeiro para quem compra.”
Virgínia conta que algumas pessoas procuram a
corretora porque tinham entrado no engano das associações. “É caso
de carro sinistrado que ficou cinco meses para reparar, veículo
roubado pago em seis parcelas depois de quatro meses. Um dos que
mais me chamou atenção foi uma associação que o presidente guardava
dinheiro em sua conta particular. Ele faleceu e a viúva ficou com
todo o dinheiro.”
O
diretor da Nova Futurus Corretora de Seguros, Josimar Antunes
Ribeiro, também se lembrou de um exemplo que aconteceu com um amigo
próximo. “Uma pessoa que comprou a proteção em uma associação bateu
em um carro e deu perda total. Ele deixou o carro na loja deles e
isso já tem um ano e quatro meses e nada foi resolvido. Então
resolveu deixar o carro lá e buscar seus direitos no juízo e isso
está sendo julgado agora.”
Para
ele, essas associações enganam vendendo a ideia de cooperativismo.
“Na realidade é um princípio de cooperativismo, onde as pessoas se
unem e qualquer prejuízo que tenha é partilhado com as pessoas.
Isso tem levado a casos judiciais pois, quando esses problemas são
pequenos, algumas associações conseguem saldar e até liquidar, mas
quando passa a ter um, dois ou três casos de perda total, começam a
se apertar e assim se dá o processo.”
Josimar finaliza enfatizando que as associações
são somente enganos que trazem prejuízos para todas as partes. “É
algo negativo, pois vendem como se fosse Seguro e isso
evidentemente traz grande vazão de renda, até mesmo pelo
desconhecimento do consumidor final. Se quer proteção tem que
procurar companhias seguradoras que representam nosso
mercado.”