Em
maio de 2014, a Organização Mundial da Saúde publicou o documento
“Global status report on alcohol and health 2014”
destacando que o álcool é uma substância psicoativa que pode causa
dependência e trazer grande impacto econômico e social além de
doenças (principalmente cirrose hepática, cânceres, acidentes e
dependência) nas sociedades. Este dano está relacionado ao volume
de álcool consumido, o padrão de ingestão e, mais raramente, a
qualidade de álcool consumido.
O
consumo de álcool em âmbito mundial em 2010 foi de 6,2 litros de
álcool puro consumido por habitante acima de 15 anos de idade.
Cerca de um quarto do consumo (24,8%) foi considerado não
registrado (por exemplo, álcool produzido em casa, ilegalmente
produzido ou vendido sem controle governamental). Do total de
álcool consumido em todo o mundo, cerca de 50,1% foi representado
pela bebidas destiladas.
Em
2012, cerca de 3,3 milhões de mortes (ou 5,9% de todas as mortes em
todo o mundo) foram atribuídas ao consumo de álcool. Neste
ano, cerca e 139 milhões de DALYs (disability-adjusted life years)
ou 5,1% do impacto global de doença e incapacidade foram atribuídos
ao consumo do álcool.
No
Brasil, entre 2008-2010, o consumo total de álcool per capita por
pessoas com mais de 15 anos de idade, foi de 19,6 litros per capita
para homens, de 8,9 litros per capita para mulheres ou 15,1 litros
considerando-se ambos os sexos. Constatou-se que a dependência ao
álcool foi de 2,8% da população adulta e de 5,6% de distúrbios
associados ao uso do álcool (incluindo dependência ao álcool e uso
abusivo). Este quadro levou a um elevado índice de mortalidade
associado a cirrose hepática (o álcool é responsável por mais de
62,6% dos casos) e acidentes de trânsito (cerca de 18% em homens
está associado ao uso do álcool).
O
documento conclui que são necessárias políticas públicas em vários
níveis que devem incluir planos de ação, taxação de bebidas
alcoólicas, restrição à venda para determinadas faixas etárias,
restrição de vendas em determinados locais, eventos e horários,
restrição de uso de veículos automotores com o uso de álcool,
limitação na publicidade e advertências nas garrafas e
embalagens.
No
ambiente corporativo, fica claro o impacto do uso abusivo do álcool
na produtividade dos trabalhadores, nos custos de assistência
médica e as repercussões sociais da dependência. Sabemos as
barreiras trabalhistas para abordar a questão, a dificuldade de
encontrar bons serviços para abordagem do alcoolismo em diversas
cidades e os elevados custos do tratamento. Neste contexto, é
fundamental as ações de prevenção, inclusive com limitação ao
acesso às bebidas alcoólicas no ambiente de trabalho (inclusive em
ocasiões festivas), a educação e orientação sobre os riscos
ocupacionais e acredito que as empresas precisam se engajar em uma
ação de “advocacy” para que as ações de política pública
relacionadas ao uso abusivo do álcool sejam adotadas em nosso
país.