A Associação Brasileira de Medicina de
Grupo se posicionou a favor da suspensão do tratamento para doentes
terminais como forma de diminuir os reajustes nos valores dos
planos de saúde, que atualmente estão acima da inflação.
O representante dos planos diz que a discussão precisa ser ampla e
não teme ideias polêmicas para a redução de custos, como a cobrança
de franquias, usadas em seguro de carros, e a suspensão de
tratamento para doentes terminais ou sem chance de cura, a chamada
ortotanásia.
"Nós temos que fazer uma racionalização dos custos da na área de
saúde. A ortotanasia é possível, quer dizer, você não aplicar
métodos que não melhorem, que não deem qualidade de vida. Enfim, é
uma discussão filosófica e econômica associada", diz o
presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, Arlindo
de Almeida.
Órgãos de defesa do consumidor fizeram simulações e constataram que
no futuro pode ficar impossível pagar os planos de saúde caso os
preços continuem subindo como nos últimos dez anos.
Um consumidor de 30 anos que ganha R$3.000 paga hoje R$ 180,74 por
um plano, e compromete 6% da renda. Se a inflação e os reajustes
atuais forem mantidos, em 30 anos ele gastaria quase R$ 6.100 com o
plano e comprometeria 54% da renda.
"Os planos de saúde estão subindo muito acima da inflação. Será
impossível o consumidor manter o seu nível de vida e pagar o
plano", diz a advogada do Idec, Daniela Trettel.
Procon e Idec participam das discussões que a Agência Nacional de
Saúde (ANS) está fazendo para mudar os cálculos de reajuste, mas
temem o futuro. "É um consenso que o método de reajuste tem que
mudar, mas ainda falta muita transparência na forma como mudanças
vêm sendo conduzidas", afirma o diretor do Procon/SP, Roberto
Pfeiffer.
A aposentada Iracema Ortega já vinha precisando da ajuda dos filhos
para pagar o plano de saúde, mas ao fazer 71 anos a conta saltou de
R$ 1.022 para R$ 1.430. "Quando eu vi não acreditei. Foram R$
400 a mais".
O valor do plano só caiu para R$ 871 por força de uma liminar
conseguida na Justiça. "A Justiça entende que pelo Estatuto do
Idoso, as empresas não podem aumentar o preço do plano, pela faixa
etária, depois dos 60 anos", afirma o advogado Julius César
Conforti.
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