Um exame de sangue experimental demonstrou ser promissor para a
detecção do câncer de pulmão em estágio inicial e poderá ser um
instrumento de diagnóstico mais preciso do que os escâneres e as
biópsias invasivas, disseram pesquisadores nesta quarta-feira
(16).
Só um a cada cinco pacientes submetidos a cirurgia ou biópsia de
uma pequena massa pulmonar detectada durante escâner de tomografia
computadorizada (TC) pode realmente ter câncer e os especialistas
afirmam que há grande necessidade de uma tecnologia melhor.
"Levando em conta que os oncologistas recorrem frequentemente a
biópsias e intervenções cirúrgicas que comportam riscos para
determinar a natureza de uma lesão, há necessidade de (métodos de)
diagnósticos que permitam evitar estes procedimentos", destacou o
pneumonologista Kenneth Fang, responsável pela divisão médica da
Integrated Diagnostics (Indi), laboratório americano que patenteou
o teste e é co-autor do estudo.
O câncer de pulmão, o mais comum no mundo e um dos mais perigosos,
mata 1,3 milhão de pessoas a cada ano segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS). O tabagismo é a causa principal.
A prova experimental, descrita em um estudo na revista Science
Translational Medicine, foi aplicada em 143 pacientes em três
lugares diferentes dos Estados Unidos.
Todos os pacientes tinham pequenas massas chamadas nódulos nos
pulmões. Alguns apresentavam câncer em estágio 1, em outros casos
tratou-se de tumores benignos.
A partir da identificação de 13 proteínas no plasma, o teste
determinou de forma precisa se os nódulos eram benignos em 90% dos
casos. A prova se apoia em bioinformática, que permite analisar
simultaneamente 371 potenciais marcadores de câncer de pulmão.
"O estudo sugere ser possível detectar a assinatura molecular do
câncer de pulmão ao medir a presença de múltiplas proteínas no
sangue de um paciente", explica Paul Kerney, encarregado científico
de Indi e um dos principais autores do estudo.
Os pesquisadores a cargo do projeto procedem do Centro Médico
Langone, da Universidade de Nova York, a Escola de Medicina
Perelman da Universidade da Pensilvânia e o Centro Médico da
Universidade Vanderbilt.
"Os médicos que tratam estes casos têm com frequência muitas
dificuldades em decidir os passos a seguir, após terem detectado um
nódulo no pulmão de um paciente, vista a dificuldade de saber se
esta lesão representa ou não risco de ser cancerosa", diz Fang.
Um porta-voz da companhia declarou à AFP que uma versão comercial
do teste deve estar disponível nos Estados Unidos este ano. Seu
preço ainda não foi determinado, disse.
Os nódulos de pulmão costumam ter entre 5 e 25 milímetros de
comprimento. Os maiores têm mais possibilidades de ser cancerosos
do que os menores.
O procedimento padrão de tratamento atual implica comparar os raios
X do tórax com escâner de TC ao longo do tempo e fazer uma biópsia
em caso de suspeita de câncer.
"Este trabalho não é mais que um começo, mas os princípios nos
quais esta tecnologia de diagnóstico se baseia deveriam poder ser
aplicados a outros cânceres e patologias", concluiu Fang, abrindo o
caminho para aplicações potenciais no futuro.