O processo de envelhecimento afeta, entre outras funções
cerebrais, a capacidade que uma pessoa tem de fazer escolhas
racionais, aponta um novo estudo coordenado pela Universidade de
Sydney, na Austrália, em parceria com as universidades Yale e de
Nova York, nos EUA.
Os resultados foram publicados na revista "Proceedings of the
National Academy of Sciences" (PNAS) desta segunda-feira (30).
A cientista Agnieszka Tymula e seus colegas examinaram diferenças
na tomada de decisões em 135 indivíduos entre 12 e 90 anos, com
foco na racionalidade, na consistência das escolhas e nas
preferências de cada um diante de riscos conhecidos e
desconhecidos, envolvendo perda ou ganho de dinheiro
Segundo os autores, adultos com 65 anos ou mais – mesmo
saudáveis – tomaram decisões "surpreendentemente inconsistentes" em
comparação com os voluntários mais jovens, o que revela uma perda
nessa habilidade cognitiva de forma semelhante a outros declínios
funcionais relacionados à idade avançada.
Ao observar como os idosos avaliam os riscos na hora de fazer
escolhas, os pesquisadores identificaram um comportamento
semelhante ao dos adolescentes. Isso significa que, ao longo da
vida, parece haver uma curva em forma de U invertido que guia as
pessoas: os riscos são ignorados no início, depois levados em conta
na meia-idade, até voltarem ao primeiro estágio.
Essas decisões pouco racionais podem envolver desde temas ligados à
riqueza (idosos assumem empréstimos com taxas de juros mais altas
ou subestimam o valor de seus imóveis), até à saúde (falham ao
escolher planos de saúde adequados) e à política (são mais
propensos a cometer erros em votações).
No entanto, os cientistas destacam que a população acima dos 65
anos continua crescendo em todo o mundo, mesmo com a saúde e a
qualidade de vida prejudicadas. Cerca de 13% dos idosos com mais de
71 anos sofrem de algum tipo de demência e 22% apresentam um
declínio cognitivo grave, segundo os autores.