Pandemia de Covid-19 muda
percepção de segurados no país
Os
graves impactos decorrentes da pandemia de Covid-19 levaram muitos
brasileiros a repensar suas prioridades e comportamentos
financeiros. Um deles refere-se à contratação de seguros. De acordo
com a “Pesquisa Consumidor de Seguros 2021”, realizada em maio pela
consultoria EY, os consumidores mais atingidos pela crise estão
interessados em produtos que cubram despesas com hospitalização e
permitam acesso a reservas de emergência.
O
levantamento apresenta dois segmentos de entrevistados: os mais
impactados pela crise – que perderam o trabalho ou alguma fonte de
renda ou ainda tiveram implicações do ponto de vista de saúde – e
os menos impactados. Os dados confirmam que o grupo mais impactado
pela Covid-19 passou por dificuldades financeiras consideráveis ao
longo do último ano, enquanto o grupo menos impactado sentiu
consequências mínimas e até conseguiu aumentar suas economias.
Embora todos tenham afirmado que sua principal preocupação seria a
perda de um ente querido, um número maior de respondentes do
segmento mais impactado (94%) citou essa preocupação em comparação
ao segmento menos impactado (83%). “O resultado não é uma surpresa
dado o momento da pesquisa e o pico no número de mortes decorrentes
da segunda onda da pandemia, em março-abril de 2021, um pouco antes
da aplicação da nossa pesquisa”, afirma Nuno Vieira, líder de
Consultoria em Seguros da EY.
Perda de renda
A
perda de renda é a segunda preocupação mais comum (93%) entre o
segmento mais impactado, enquanto o grupo menos impactado estava
mais preocupado em prover as necessidades de seus dependentes
(67%). A perda de um esquema de trabalho regular (56%), a
necessidade de usar as economias (56%) e a redução da jornada de
trabalho (38%) foram os outros impactos sentidos por todos os
participantes. Aproximadamente 74% dos respondentes mais impactados
afirmaram que sofreram redução na jornada de trabalho, dos quais
86% perderam horas em sua jornada de trabalho por causa da
pandemia.
De
acordo com Nuno Vieira, a pesquisa constatou perspectivas
completamente diferentes entre os dois grupos sobre o consumo de
seguros. “Aqueles que foram menos impactados querem ter mais
soluções relacionadas a investimentos e aposentadoria. Muitos deles
ficaram em casa e conseguiram até ter acréscimo de renda porque
diminuíram seus gastos. Eles têm uma maior propensão a consumir
produtos ligados a seguros com proteção financeira futura,
investimentos e aposentadoria. Já os mais impactados disseram que
sentiram que poderiam morrer e ficaram com a sensação de que
precisavam proteger suas vidas e de suas famílias, principalmente
do ponto de vista de saúde”, explica.
Cobertura
Dentro do segmento mais impactado, a maioria dos consumidores
possui seguro de vida e plano de saúde oferecidos pela empresa na
qual trabalha. O grupo menos impactado tende a ter seguro de vida
privado e plano de saúde oferecido pela empresa na qual
trabalha.
Todos têm interesse em novos tipos de produtos. Entre os mais
impactados, 86% estão interessados ou muito interessados em
apólices que cubram hospitalização ou em seguro de vida com
cobertura de hospitalização, como uma alternativa ao plano de saúde
tradicional. Dentro do grupo menos impactado, 78% estão em busca
por um seguro de vida que permita acesso a reservas em caso de
emergências.
“No
Brasil, infelizmente, as contratações de plano de saúde são
majoritariamente para quem tem um emprego. Pessoas que não têm
trabalho dificilmente têm condições de acesso a planos de saúde. Às
vezes, conseguem manter com muito custo um plano antigo. É uma
questão para as seguradoras refletirem. A situação ideal seria
oferecer produtos de seguro de vida que tenham também cobertura de
saúde, por exemplo”, diz Nuno.
Seguradoras
A
forma como os consumidores se relacionam com as seguradoras também
está mudando, aponta a pesquisa. Atualmente, dois a cada três
consumidores estão abertos a comprar produtos de vida e
aposentadoria pela internet. Mais da metade (55%) dos mais
impactados está disposta a compartilhar dados em troca de
comunicação personalizada ou orientações para alcançar suas metas
de saúde. Esse percentual entre as pessoas menos impactadas está em
47%.
Os
mais impactados também mostraram maior predisposição em trocar
dados por uma redução de preço ou desconto em prêmio.
Aproximadamente, dois terços de todos os participantes disseram que
se sentiriam confortáveis em comprar seguro de redes hospitalares,
destacando os limites cada vez mais difusos entre seguro de vida e
plano de saúde e sugerindo uma concorrência mais intensa no
futuro.
De
todos os participantes, 74% gostariam de entrar em contato com seus
corretores pela internet. Isso representa uma guinada importante em
um mercado que tradicionalmente se baseia na interação pessoal e
presencial com corretores e consultores. Entretanto, os consultores
continuarão sendo importantes, pois 48% dos mais impactados
pretendem contratar um consultor financeiro para seu planejamento
de emergência e 42% pretendem contar com um consultor para gestão
de investimentos.
Responsabilidade
social
Quase metade (46%) dos participantes afirma ter escolhido um
produto de seguro com base na reputação da seguradora em relação à
sua responsabilidade social corporativa (RSC). Pensando no futuro,
uma proporção bem maior de clientes (82%) acredita que o
compromisso da empresa com as iniciativas RSC (práticas justas de
trabalho e justiça racial, por exemplo) será um importante
parâmetro para decisões de compra. Aproximadamente, dois terços de
todos os participantes usam sites para pesquisar os compromissos de
RSC firmados pelas seguradoras.