Com a vantagem de poder
acompanhar o perfil de compras do cliente em sua plataforma,
aplicativo de entregas conseguiu definir prioridades para o
RappiBank; os primeiros produtos vão oferecer proteção para pets,
eletrônicos e cartões de crédito
Depois de observar um aumento expressivo das compras de produtos
para animais de estimação em seu aplicativo, o braço financeiro
do Rappi, o RappiBank,
tomou a decisão de qual produto deveria ser o próximo a ir para sua
prateleira. O escolhido foi o seguro para pets. O movimento é um
primeiro passo para a extensão da oferta de serviços financeiros
acoplados ao aplicativo, sempre de olho no comportamento do
consumidor. A ideia é estender os serviços aos poucos, culminando
com o lançamento de uma conta digital em 2022.
A
tendência de trazer diferentes tipos de serviços é comum aos
“superapps” e está longe de ser uma exclusividade da startup
colombiana, que tem no Brasil o seu grande mercado. Esse
tem sido, por exemplo, o caminho trilhado por gigantes como o
argentino Mercado Livre, pela
americana Amazon, pela chinesa Alibaba e pela
brasileira Magazine Luiza.
Segundo João Felix, do RappiBank,
fintech nasceu para servir ao negócio principal Foto: Alex
Silva/Estadão
Essa
observação do dia a dia das pessoas, porém, pode trazer vantagens,
fazendo os apps não especializados em finanças avançarem pelas
bordas, trabalhando em nichos pouco explorados por grandes bancos.
Além do seguro pet, a plataforma vai ofertar apólice de vida – cuja
cobertura geral ainda é baixa no País – e outros serviços mais
específicos, como proteção a aparelhos eletrônicos (celulares) e
cartão de crédito.
“Somos um banco do Rappi para o Rappi”, afirma
o presidente do RappiBank, João Felix, destacando
a missão de o “banco” servir ao negócio principal. Para o
lançamento de seguros, foi firmada uma parceria com o
a W2.digital, braço da Wiz
Seguros. Outras modalidades estão sendo analisadas para
complementar a operação, diz o executivo.
Esse
não é o primeiro lançamento da jovem fintech, que oficialmente foi
lançada no início deste ano. De largada, ela resolveu atuar em uma
das dores da pandemia. Em janeiro, diante do contexto de
dificuldades financeiras dos restaurantes (importante base
conectada ao Rappi), o Rappibank lançou uma linha de capital de
giro. O volume de crédito concedido não é divulgado, mas está na
casa de alguns “milhões de reais”, segundo Felix.
Em
junho, a fintech deu mais um passo, ao lançar um cartão de crédito
para os usuários do app, algo que fez a frequência desse consumidor
na plataforma aumentar em dois dígitos, conforme o presidente da
fintech. Ainda para este ano está no cronograma o lançamento de
antecipação de recebíveis, demanda dos restaurantes e lojistas
conectados ao aplicativo.
Novo patamar
Desde março, a fintech está com um pedido para se tornar
uma Sociedade de Crédito Diretor (SCD) junto
ao Banco Central. O aval é necessário para
aumentar a gama de serviços oferecidos. Além da conta digital, a
ideia para 2022 é também ofertar crédito. Para completar o sistema,
já há previsão de lançamento de produtos de investimento por meio
do Rappi. Uma das ideias, que ainda é embrionária, é permitir aos
usuários transferência de dinheiro entre os países da América Latina, diz Felix. Além do
Brasil, o Rappi está em outros oito países da região.
E o
Rappi está capitalizado para trilhar uma trajetória agressiva de
crescimento. Em julho, a startup, que já tinha o gigante
japonês Softbank como sócio, fez uma nova
rodada de captação, na qual levantou US$ 500 milhões, operação que
elevou sua avaliação para US$ 5,25 bilhões (ou quase R$ 30
bilhões).
Para Bruno Diniz, sócio
da Spiralem, consultoria de inovação para o
mercado financeiro, o movimento do Rappibank com seguros é uma
tendência mundial – segue de perto um lançamento que a Amazon fez
na Índia, país que, como o Brasil, tem baixa
utilização de seguros entre a população. “Incorporar seguros, além
de criar produtos específicos que podem fazer sentido para os
usuários, endereça uma questão no Brasil.”