O Valor Econômico informa que, quatro dias após o anúncio da aquisição do hospital mineiro Biocor, a Rede D’Or fechou na sexta-feira a compra de 51% do Hospital Nossa Senhora das Neves (HNSN), referência em João Pessoa, na Paraíba, por R$ 280,5 milhões. O ativo é avaliado em R$ 550 milhões, o que representa um múltiplo de 7,85 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 70 milhões previsto para 12 meses após a conclusão da transação. Esse valor já inclui as sinergias a serem absorvidas no primeiro ano.
A receita esperada do Nossa Senhora das Neves para este ano é de R$ 320 milhões. A transação envolve ainda um outro hospital, um laboratório de medicina diagnóstica e uma clínica de endoscopia que pertencem ao grupo. O complexo hospitalar tem 235 leitos, com capacidade para atingir 400 unidades de internação.
A Rede D’Or, assim, estreia no mercado da Paraíba, e leva também um plano de expansão que já vinha sendo planejado pelo fundador do Nossa Senhora das Neves, o administrador de empresas Elmo Assis, que permanece à frente do negócio. A estratégia é crescer no seu Estado de origem e no Rio Grande do Norte, ambas regiões carentes de hospitais de primeira linha. “Já estamos vendo terrenos em Natal e Campina Grande”, disse Assis, que manteve negociações exclusivas com a Rede D’Or desde novembro.
Fundado em 2016, o Nossa Senhora das Neves é um hospital construído do zero, com equipamentos de primeira geração e que recebeu consultoria do Sírio Libanês. Com esses predicados, atraiu o interesse de compradores como os fundos Pátria e H.I.G e do Hospital Mater Dei, que faz nesta semana uma oferta inicial de ações (IPO).
Assis não tinha interesse em fazer parte de uma rede verticalizada e queria colocar de pé seu plano de expansão na Paraíba e no Rio Grande do Norte. Por isso, foi negociar direto com a Rede D’Or que não tem presença nessas duas praças e está bem capitalizada, após o IPO de dezembro, quando levantou R$ 11,4 bilhões.
“Meu hospital tem outro perfil, é para classes A e B”, diz Assis ao explicar a razão por não ter negociado com o Pátria, dono da Athena, empresa de saúde focada em operadoras e hospitais verticalizados. Assis e o Pátria são sócios no Grupo Elfa, uma das maiores distribuidora de medicamentos que teve 95% do capital adquirido pela gestora de private equity em 2014.