Informativo mensal apresenta
dados sobre utilização dos planos de saúde durante a
pandemia
A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) disponibiliza nesta quarta-feira (21/10) uma nova
edição do Boletim Covid-19 com informações sobre a utilização dos
planos de saúde durante a pandemia de Coronavírus. O informativo
reúne dados assistenciais e econômico-financeiros coletados até
setembro junto a uma amostra de operadoras e apresenta a evolução
do número de beneficiários, exames relacionados à Covid-19
realizados na saúde suplementar e as demandas dos consumidores
recepcionadas pela ANS no período. O objetivo do boletim é
monitorar a evolução de indicadores relevantes do setor durante o
período da pandemia, subsidiando análise qualificada da Agência
Reguladora e prestando mais informações à sociedade.
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Os indicadores assistenciais
apontam as principais tendências em relação à utilização de
serviços de saúde hospitalares durante a pandemia e suas
implicações nas despesas das operadoras. São apresentados números
sobre ocupação de leitos, atendimentos em pronto-socorro que não
geraram internação e autorizações emitidas para procedimentos
eletivos fora do ambiente hospitalar. Já os indicadores
econômico-financeiros analisam a sinistralidade observada através
do fluxo de caixa das operadoras - movimento de entrada
(recebimentos) e saída (pagamentos) de recursos em um dado período
- e a inadimplência, ou seja, o não pagamento de obrigações no
prazo estabelecido.
O boletim também apresenta
informações sobre a variação da base de beneficiários de planos de
saúde, com detalhamentos da evolução do número de vínculos por tipo
de contratação e por faixa etária; o número de exames de detecção
de Covid-19 e de imagem de tórax realizados no período; e dados
sobre reclamações dos consumidores registradas pelos canais de
atendimento da ANS.
De maneira geral, a análise dos
dados e indicadores coletados e apresentados no Boletim Covid-19
desde o início do monitoramento até o momento não aponta para uma
conjuntura de desequilíbrios de ordem assistencial ou
econômico-financeira no setor. Confira, a seguir, as principais
informações.
Evolução de beneficiários
A evolução de beneficiários reflete
o movimento de adesões e cancelamentos de planos de saúde diante da
pandemia e é uma informação relevante, já que impacta tanto em
despesas assistenciais quanto na receita das operadoras. Esta
edição do boletim traz os números preliminares de beneficiários em
planos de assistência médica registrados em setembro, antecipando
as informações completas que serão divulgadas no início do próximo
mês através da Sala de Situação.
Em setembro, foi confirmada a
tendência de crescimento que vinha sendo verificada nos meses
anteriores: o setor registrou 47.118.643 beneficiários em planos de
assistência médica, um aumento de 0,4% no comparativo com o mês
anterior e de 0,27% em relação ao mesmo período de 2019, atingindo
o maior patamar do período em destaque na análise (desde janeiro de
2019). Quando analisada a evolução no período de março a setembro
de 2020, por tipo de contratação do plano, comparando com o mesmo
período do ano passado, observou-se que os coletivos por adesão
apresentaram crescimento de 1,01% em 2020; os planos individuais ou
familiares registraram aumento de 0,05%; e os coletivos
empresariais tiveram queda de 0,15%, no comparativo com o mesmo
período de 2019.
Considerando o tipo de contratação
do plano e a faixa etária do beneficiário, observa-se que a taxa de
crescimento de beneficiários acima de 59 anos foi positiva em todos
os tipos de contratações em 2020 (março a setembro). O maior
aumento ocorreu nos coletivos empresariais (1,68%), seguido dos
individuais ou familiares (1,29%) e dos coletivos por adesão
(0,93%).
Esse resultado é condizente com a
conjuntura da pandemia, indicando que a população mais vulnerável
se esforça para preservar ou ampliar a cobertura assistencial e os
efeitos da crise econômica e do desemprego prejudicam a manutenção
dos planos para a população em idade ativa.
Informações assistenciais
Em setembro, a taxa geral de
ocupação de leitos manteve-se semelhante ao mês anterior, com 64%
de ocupação, ante 65% registrada em agosto, e continua abaixo da
taxa de ocupação de setembro de 2019 (74%), mantendo o padrão
verificado desde março. Essa informação considera a ocupação tanto
para o atendimento à Covid-19 quanto para demais procedimentos não
relacionados à doença e engloba leitos comuns e de UTI. Já taxas de
leitos alocados e ocupados para Covid-19 (com ou sem UTI) em
setembro seguiram tendência de queda. Em setembro, a taxa de
ocupação ficou em 54%, ante 57% registrado em agosto; e a taxa de
alocação ficou em 23% (em agosto foi de 28%).
A quantidade de consultas em
pronto-socorro que não geraram internações segue apresentando
retomada gradual. Em setembro, houve um crescimento de 8% em
relação a agosto, o que pode apontar a mudança de comportamento dos
beneficiários de planos de saúde (já verificada nos boletins
anteriores), que têm buscado manter os cuidados durante a pandemia.
Também pode refletir mudança na organização das operadoras no que
diz respeito à forma de acesso aos serviços de saúde, indicando que
a demanda de atendimento pode estar sendo absorvida pela Atenção
Primária, inclusive quanto à facilidade de acesso às consultas
médicas por telessaúde.
A busca por atendimentos de
Serviços de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT) também segue a
retomada gradual e, a partir de setembro, voltou ao patamar
anterior ao início da pandemia. Nesse mês, foi verificada variação
positiva de 9% em relação a agosto. Já os custos por diária em
internações (com ou sem UTI) mantiveram-se estáveis em relação ao
mês anterior. A informação está detalhada na Nota Técnica que
acompanha o boletim.
Exames
Os dados sobre a realização de
exames contemplam informações coletadas até o final de julho e têm
como fonte os dados do Padrão TISS (Troca de Informação de Saúde
Suplementar). Nesse mês, houve estabilidade no número de testes
para detecção de Covid-19 do tipo RT-PCR e expressivo aumento da
quantidade de testes sorológicos – movimento que se deve à
incorporação do exame no Rol ocorrida temporariamente naquele
mês.
Em julho, foram contabilizados
214.747 exames para detecção de Covid-19 do tipo Pesquisa de RT-PCR
e 30.902 testes do tipo sorológico. Desde o início da pandemia,
foram realizados 585.381 exames do tipo RT-PCR e 32.989
sorológicos. Também foram realizados 19.252 testes de outros tipos
para detecção de vírus respiratórios, como tomografia
computadorizada de tórax e radiografia de tórax.
Informações
econômico-financeiras
Em setembro, a sinistralidade
(mediana) ficou em 73%, leve crescimento em relação a agosto (71%).
A elevação ocorreu devido ao aumento das despesas assistenciais,
mas ainda abaixo do patamar histórico. As contraprestações pagas
pelos beneficiários tiveram um pequeno aumento em setembro
comparado a agosto, voltando para mais próximo da média histórica
recente.
Os dados relativos à inadimplência,
tanto para planos individuais ou familiares quanto para coletivos,
não tiveram alteração em relação ao mês anterior e continuam
próximos dos níveis históricos. Em setembro, o percentual geral
ficou em 7%, mesmo índice do mês anterior. Nos planos individuais,
também não houve variação em relação a agosto, tendo sido
registrado 11% de inadimplência. Nos coletivos, o índice foi de 4%
(em agosto foi de 5%).
Demandas dos
consumidores
O número de demandas registradas
pelos consumidores através dos canais de atendimento da ANS tem
mantido relativa estabilidade nos últimos três meses. Em setembro,
foram registradas 14.597 reclamações, aumento de 4% em relação a
agosto. Se consideradas apenas as reclamações de natureza
assistencial, observamos que em setembro foram contabilizadas
10.099, aumento de 9,7% em comparação ao mês anterior.
Em relação às demandas relacionadas
especificamente à Covid-19, o boletim informa que, de março até
setembro, foram registrados 16.503 pedidos de informações e 12.631
reclamações sobre o tema. Do total de reclamações, 59% dizem
respeito a dificuldades relativas à realização de exames e
tratamento; 26% se referem a outras assistências afetadas pela
pandemia; e 15% são reclamações sobre temas não assistenciais
(contratos e regulamentos, por exemplo). Cabe esclarecer que essa
classificação considera o relato do consumidor, ao cadastrar sua
demanda na ANS, sem análise de mérito sobre eventual infração da
operadora ou da administradora de benefícios à Lei 9.656/98 e seus
normativos ou aos termos contratuais.
É importante destacar que as
demandas de reclamação dos consumidores passam pela mediação de
conflitos realizada através da Notificação de Intermediação
Preliminar (NIP), conforme definição prevista na Resolução
Normativa nº 388/2015. A mediação possibilita que as operadoras
reparem sua conduta irregular e resolvam os problemas dos
beneficiários e evitando, assim, a abertura de processo
administrativo e judicial.
Entre os meses de março e julho de
2020, a NIP alcançou 92,7% de resolutividade, considerando todas as
demandas cadastradas na ANS no período que foram passíveis de
mediação, bem como 91,3% de resolutividade quando consideramos
somente as demandas relacionadas à Covid-19. Esse dado informa que
a maioria das reclamações apresentadas foram solucionadas no âmbito
da mediação promovida pela Agência.
No portal da ANS, é possível
acessar o monitoramento diário das demandas sobre
Covid-19. Clique
aqui.
Confira
aqui as outras edições do Boletim Covid-19.
Sobre os dados
Para a análise dos indicadores
assistenciais, a ANS considerou informações coletadas junto a uma
amostra de 51 operadoras que possuem rede própria hospitalar. Para
os índices econômico-financeiros, foram analisados dados de 99
operadoras também selecionadas via amostragem, de acordo com a
relevância da base de beneficiários. Juntas, as operadoras
respondentes para estes dois grupos de informação compreendem 74%
dos beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares.
Adicionalmente, na construção do
boletim, para estes e demais indicadores relacionados a demandas de
consumidores e variação da base de beneficiários, foram utilizados
dados oficiais da ANS, entre eles, o Documento de Informações
Periódicas (DIOPS), o Sistema de Informações de Fiscalização (SIF)
e o Sistema de Informação de Beneficiários (SIB).