Gestora de hospitais e planos
de saúde fecha acordo para compra da Unimed ABC e reforça sua
posição como 3ª maior operadora do País; desde 2014 empresa saltou
dois postos no ranking.
Depois de nove meses de
negociações, o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) fechou a compra
da Unimed ABC. Com a operação, que deve ser divulgada na
segunda-feira e não teve valor revelado, a gestora de hospitais e
planos de saúde se consolida como a terceira maior operadora no
segmento médico-hospitalar do País.
Essa é a terceira aquisição feita
pelo grupo desde 2014, quando o fundo americano Bain Capital pagou,
segundo estimativas do mercado, cerca de R$ 2 bilhões pelo controle
da NotreDame Intermédica. Desde então, a empresa subiu duas
posições no ranking das maiores operadoras do País em número de
beneficiários no segmento médico-hospitalar.
Segundo dados da Associação
Nacional de Saúde (ANS), que ainda não consideram a aquisição, o
ranking é liderado pela Amil, com 3,87 milhões de vidas, seguido
por Bradesco (3,81 milhões), NotreDame Intermédica (1,958 milhão),
Hapvida (1,943 milhão) e Sumlamérica (1,75 milhão).
Com a aquisição da Unimed ABC, a
NotreDame Intermédica incorpora 70 mil vidas, um hospital, cinco
centros clínicos e duas unidades de atendimento 24 horas. Para ser
concretizada, a operação deve passar pelo aval do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS).
Segundo o presidente do Grupo
NotreDame Intermédica, Irlau Machado Filho, a compra faz parte da
estratégia de expansão do grupo que, apesar da crise e da contração
do setor, espera fechar o ano com um crescimento de 9% na carteira
de beneficiários. “Além das aquisições, estamos crescendo graças a
uma combinação de gestão eficiente, controle de custos e preços de
planos que chegam a ser 20% mais baratos do que a concorrência”,
resume Machado Filho.
Com 12 hospitais próprios e atuação
concentrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, a empresa consegue
atender 65% dos sinistros em rede própria, eliminando custos.
Segundo Machado Filho, procedimentos dentro de casa chegam a ser
40% mais baratos do que os feitos em rede credenciada.
O desempenho da operadora – que
fechou 2015 com faturamento de R$ 2,9 bilhões (crescimento de 18%
em relação a 2014) e um aumento de 20% no número de beneficiários
(saúde e odontológico) – destoa do cenário geral do mercado de
planos de saúde. Pela primeira vez em dez anos, o setor registrou
retração em 2015, reflexo da crise e do aumento do desemprego – os
planos oferecidos por empresas respondem por dois terços do
mercado. Com isso, quase 2 milhões de beneficiários deixaram os
planos desde o início do ano passado.
Na avaliação de Paulo Furquim de
Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, em
função da atenção aos custos e dos preços mais competitivos, a
empresa pode ter se beneficiado do movimento de ‘downgrade’ que o
setor tem vivido.
Ineficiência. Para
Azevedo, além da crise em si, o setor sofre com um alto grau de
ineficiência, o que faz com que empresas que eliminem algumas
imperfeições, consigam se destacar. “Companhias que chegam com alta
tecnologia de informação e de gestão estão conseguindo um espaço de
transformação não só em planos, como em hospitais e laboratórios”,
afirma, citando outro modelo em expansão: as clínicas populares de
consulta médica, como Dr. Consulta.
Para Walter Cintra Ferreira Jr,
professor da FGV e coordenador do curso de especialização em
administração hospitalar e de sistemas de saúde, o movimento de
consolidação do mercado tende a se fortalecer ainda mais. “Quem não
tem escala e gestão não consegue mais se estabelecer nesse
mercado.”