As projeções econômicas para as
famílias brasileiras para os próximos meses são no mínimo
preocupantes, uma vez que já se projeta um agravamento da crise,
com reflexos diretos nas finanças pessoais, com alta do dólar,
desemprego, juros, tributos e preços.
Enfim, o macro com certeza está
refletindo no micro, isso é, nas contas e investimentos das
famílias. Contudo, mesmo com um cenário pouco animador, não há
motivos para desespero, e sim para planejamentos e adequação,
buscando sair fortalecido deste período. Para auxiliar, elaborei
algumas orientações que acredito serem fundamentais para sair dessa
situação fortalecido:
Livre-se das dívidas – muitos
pensam em como se livrar das dívidas em um momento de crise. Pode
parecer impossível, mas é exatamente nesses momentos que os
credores também oferecem as melhores condições para negociações. A
orientação é que o primeiro passo seja o de resolver o problema que
levou ao endividamento, isto é, a causa. Adequar seu padrão de vida
a sua realidade é muito difícil, mas é fundamental observar que não
pode viver em uma realidade que não é sua. Cortas gastos para
ganhar fôlego e, assim, poder assumir o compromisso de pagar as
dívidas é a melhor opção agora. Se não se livrar desse problema de
forma emergencial, pode ter certeza que a alta dos juros
prejudicará a sua saúde financeira no futuro.
Faça uma faxina financeira –
sabia que, em média, 25% dos nossos gastos são com supérfluos? As
pessoas sempre dizem que não têm mais da onde reduzir os gastos,
mas, depois, quando fazem uma análise, observam que é possível. É
preciso realizar um diagnóstico de sua vida financeira por 30 dias,
anotando tudo o que gasta por tipo de despesa, até mesmo cafezinhos
e gorjetas. Assim, verá uma realidade muito diferente do que
imagina. Mas ressalto que não se deve virar escravo dessa anotação,
pois, quando vira rotina, perde a eficácia.
Chegou a hora de sonhar – por
mais que o cenário para muitos seja de pesadelo, nessa hora, é de
grande importância sonhar, ou seja, definir os objetivos materiais,
pois eles é que farão com que se tenha foco para evitar o
descontrole ou mesmo o desespero. Reúna a família e converse sobre
o tema, dividindo os sonhos em três tipos: curto (até um ano),
médio (até dez anos) e longo (acima de dez anos) prazos, definindo
também quanto custam e quanto poderão poupar por mês para
realizá-los.
Mude o formato de seu orçamento -
um erro comum é pensar que orçamento financeiro familiar consiste
em registrar o que se ganha e subtrair o que se gasta e, caso sobre
dinheiro, será lucro, se faltar, prejuízo. A forma correta, no
entanto, consiste em, primeiramente, elaborar o registro de todas
as receitas mensais, posteriormente, separar os valores
pré-definidos para os projetos da família e, somente com o
restante, adequar os gastos da família. Isso forçará um ajuste do
padrão de vida familiar para conquistas financeiras.
Chegou a hora de saber investir –
com a alta de juros, agora, é um bom momento para quem que
investir, contudo, o grande erro que observo é a ideia de poupar
sem motivo e buscar sempre o melhor rendimento. No mercado
financeiro, existem diversas opções de aplicação em ativos
financeiros com riscos diferentes. A orientação é procurar variar o
investimento de acordo com o tempo que utilizará o dinheiro. De
forma geral, o risco de uma aplicação financeira é diretamente
proporcional à rentabilidade desejada pelo empreendedor, ou seja,
quanto maior o retorno estimado pelo tipo de aplicação escolhida,
maior será o risco, por isso, é preciso cautela.
Reinaldo Domingos, presidente da
Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), autor do
best-seller Terapia Financeira e da primeira coleção completa de
educação financeira para escolas, que já é adotada em mais de 1500
escolas em todo o Brasil.