As operadoras e seguradoras de saúde estão propondo um reajuste médio de 16,24% neste ano para os convênios médicos empresariais, modalidade que representa 65% do mercado.
O índice de 16,24% refere-se à variação dos custos médico-hospitalares. Se os gastos dos usuários do plano tiverem sido superiores a 75% do valor pago à operadora (prêmio, no jargão do setor), o reajuste será superior aos 16,24%. O levantamento é da Aon Hewitt, consultoria que administra o plano de saúde de mais de 420 empresas do país que juntas têm cerca de 1,3 milhão de funcionários.
O reajuste de 16,24% - conhecido no setor como inflação médica - está num patamar muito próximo aos 17% registrado no ano passado. "Não houve uma variação tão expressiva porque entre 2014 e 2015 não houve a inclusão de novos procedimentos médicos obrigatórios nos planos de saúde como aconteceu no ano passado", explicou Rafaella Matioli, diretora técnica da área de saúde da Aon Hewitt.
Diante da perda de quase 200 mil usuários de planos de saúde no primeiro semestre, a primeira queda em dez anos no setor, devido ao aumento na taxa de desemprego, as negociações entre empresas e operadoras de saúde estão mais acirradas. No entanto, segundo Rafaella, as operadoras de saúde estão um pouco mais flexíveis neste ano. "Nos dois últimos anos, as seguradoras estavam mais focadas em aumentar a margem. Agora percebemos que elas não querem perder vidas e estão recuando um pouco", contou.
A fim de evitar que o reajuste do plano de saúde seja superior à inflação médica, as empresas estão adotando cada vez mais ferramentas para inibir o uso excessivo do convênio médico e controlar a taxa de sinistralidade entre 70% e 75% - média praticada pelas operadoras para que o negócio feche no azul.
Uma das medidas mais adotadas pelas empresas para reduzir o uso do plano de saúde é a coparticipação - mecanismo em que o funcionário paga do próprio bolso uma parcela, em média de 20%, do valor do procedimento médico. Entre as 423 empresas consultadas pela Aon Hewitt, 66% informaram que adotam a coparticipação. Há quatro anos, essa fatia era de 45%. "Ao invés de trocar de operadora, o que pode ser uma ação impopular, acreditamos que o melhor é manter o plano de saúde, mas num novo formato, com coparticipação, por exemplo", disse Rafaella.
A diretora médica da Aon Hewitt, Antonietta Medeiros, afirma que a cobrança de uma parcela nas terapias deve ser aplicada com cautela porque pode inibir o funcionário a continuar o tratamentos e acabar provocando custo ainda maior. A coparticipação nos procedimentos médicos vem substituindo o modelo em que o empregado paga uma parcela da mensalidade do convênio médico, formato muito usado no passado, mas gera um passivo à empresa porque a legislação determina a manutenção do plano de saúde para os empregados demitidos que tem um determinado período de casa.
Segundo Antonietta, outra ação que gera bons resultados são os programas de prevenção de funcionários crônicas. A médica destaca que 71% das empresas consultas adotam algum tipo de programa de qualidade de vida, mas apenas 12% dão continuidade aos programas. "As empresas criam os programas, mas a maioria não dá continuidade o que acaba não gerando resultados efetivos no custo final", alerta a médica da Aon Hewitt.