Doenças causam incômodos
significativos que pioram com alimentação desregrada; veja opções
de receitas elaboradas especialmente para quem sofre de refluxo e
gastrite
Volta e meia alguém reclama de
refluxo ou de gastrite. Não é por menos, esses problemas incomodam
bastante, e o maior sofrimento é na hora de comer. Ou melhor,
depois. A alimentação errada piora as duas condições, e acaba sendo
um verdadeiro desafio suprir as vitaminas diárias com criatividade
com restrições alimentares. Mesmo para os mais criativos, não é
nada fácil pensar em receitas saborosas com os ingredientes
permitidos pelos médicos.
O nutrólogo Roberto Navarro explica
as restrições alimentares e a culinarista Malu Lobo, com supervisão
do nutrólogo, mostra receitas para quem saiu do médico com uma
série de recomendações e não consegue pensar em como combinar
alimentos para que o resultado seja gostoso ao paladar.
Refluxo
O refluxo gastroesofágico acontece
quando o conteúdo que já está no estômago reflui esôfago acima,
explica o nutrólogo Roberto Navarro.
“Toda vez que comemos, a comida vai
pelo esôfago para o estômago. Para entrar no estômago, existe uma
válvula, como se fosse uma ‘porta’. Ela abre e fecha em seguida,
para o ácido clorídrico que está no estômago não voltar ao
esôfago”, diz.
Quando essa “porta” funciona mal é que acontece o refluxo. Se ela
não fecha corretamente, o líquido reflui e causa os sintomas
incômodos: azia e sensação de bolo na garganta e até de
sufocamento.
Navarro explica que o tempo de
tratamento depende de cada caso e grau de refluxo. “Alguns casos
são cirúrgicos, outros são medicamentosos”.
Comidas gordurosas, por exemplo,
arruínam o bem-estar de quem tem refluxo. “A gordura exige uma
digestão maior, mais intensa, que precisa de mais ácido clorídrico,
o do estômago. Isso acontece também com a proteína”, explica
Navarro.
Gastrite
Diferente do refluxo
gastroesofágico, a gastrite não é causada por um problema na
válvula que separa o esôfago do estômago. Gastrite é um estômago
inflamado, machucado.
“A pessoa até pode ter as duas
condições simultaneamente, mas a gastrite em si é uma inflamação na
mucosa gástrica”, explica o nutrólogo.
O excesso de ácido clorídrico é o
que deve ser combatido neste caso. A razão para o ardor no
estômago? Medicamentos, tendência genética, bactéria H. Pylori –
que encontrou moradia no estômago de 70% dos brasileiros e é
eliminada por meio de antibióticos – e excesso de alimentos
irritantes para o estômago, como cafeína, álcool e condimentos.
“No entanto, isso depende bastante
da susceptibilidade individual. Algumas pessoas têm tendência maior
a ter gastrite por causa de determinados alimentos, outras têm
resistência maior. Isso é geneticamente herdado”, explica o
médico.
Navarro conta que, depois do
tratamento – que envolve uma reeducação alimentar e, às vezes, uso
de remédios – a gastrite é curada. Se as recomendações médicas não
forem seguidas depois da cura, a mucosa do estômago pode se
lesionar novamente. “Se voltar a errar na alimentação, a gastrite
pode voltar. A orientação para quem tem gastrite crônica é um
cuidado para o resto da vida”, detalha o especialista.