Todos os serviços oferecidos
pelos planos (consultas, exames, pronto atendimento, internações e
cirurgias) tiveram aumento de reclamações em relação a 2012, quando
o último balanço foi realizado, especialmente o pronto atendimento:
8 em cada 10 pacientes enfrentaram algum contratempo.
- Local de espera lotado;
- Demora na marcação de consultas;
- Realizar exames em vários locais diferentes;
- Teve poucas opções de hospitais;
- Demora para o plano autorizar cirurgia.
O levantamento realizado entre
25 de abril e 2 de maio de 2018 teve como objetivo entender os
problemas enfrentados por pacientes e médicos no último ano com os
planos de saúde e o SUS.
Entre os pacientes de plano de
saúde, 96% relataram ter enfrentado algum problema na utilização
dos serviços. Ou seja, com base na pesquisa, das 11,2 milhões de
paulistas que utilizam a rede suplementar, 10,8 milhões tiveram
problemas.
Foram ouvidas 836 pessoas (sendo
470 na capital e Grande São Paulo e 366 no interior) com mais de 18
anos, de todas as classes econômicas, que possuem planos de saúde e
o utilizaram nos 24 meses anteriores à pesquisa. A margem de erro é
de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A presidente da Federação
Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro
Mendes, diz que a pesquisa reflete mais a existência de dúvida dos
usuários em relação às operadoras.
“A utilização do sistema é
complexa, e há operadoras financiando, mas quem presta o serviço
são hospitais e médicos”, disse. A FenaSaúde representa 17 grupos
de operadoras de planos privados de assistência, totalizando 22
empresas.
Segundo Solange, outros
indicadores e pesquisas com consumidores apontam que a saúde
suplementar “está longe de liderar” o ranking de reclamações.
Outro problema, aponta ela, são
os custos, que são arcados pelas operadoras. “Hoje, grande
dificuldade está relacionada aos custos descontrolados, e a
operadora é a ponta da cadeia, ela que recebe a obrigação de pagar.
Isso faz com que o preço da mensalidade seja alto, um valor
inacessível para grande parte da população”.
A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) estabelece prazos para que as operadoras realizem
os serviços, que variam de 7 a 14 dias para a realização de uma
consulta, e de até 21 dias para internação ou procedimento de alta
complexidade.
Apesar disso, 73% dos
entrevistados pelo Datafolha desconhecem essas normas e 21%
disseram ter feito uma notificação contra um plano.
Mais da metade dos entrevistados
acredita que as empresas dificultam a realização de procedimentos
de custo maior (66%), pagam aos médicos um valor muito baixo (58%),
colocam restrições ao trabalho (52%), pressionam os médicos (52%) e
não cumprem todas as regras do contrato (52%).
De fato, 90% dos médicos
declararam que há interferência da operadora em seus trabalhos,
segundo a pesquisa. O Datafolha fez levantamento também apenas com
médicos do estado que estão na ativa e atendem pacientes de planos
de saúde.
Foram ouvidos 615 profissionais
(sendo 391 na capital e na Grande São Paulo e 224 no interior),
entre os dias 12 de junho e 2 de julho. A margem de erro é de 4
pontos percentuais, para mais ou para menos.
As maiores causas de queixas dos
médicos de interferência da operadora em seus trabalhos ocorrem em
terapias (64%), atendimento a pacientes com doenças pré-existentes
(60%) e exames para diagnóstico (59%).
Sobre isso, a presidente da FenaSaúde diz que é um procedimento
necessário, devido ao grande desperdício de materiais e fraudes.
“Cabe à operadora zelar pela segurança destes procedimentos e
questionar se é necessário quando verifica algo suspeito. E isso
gera a insatisfação para o médico e para o paciente, mas é amparado
por resoluções”, afirmou.
De acordo com a Associação
Paulista de Medicina, a quantidade de clientes de planos de saúde
que contou ter recorrido ao SUS ou a profissionais particulares
subiu de 15% para 19% nos últimos seis anos.
Entre os médicos, 60% disseram
atender a rede pública, sendo que 15% dos profissionais relataram
ter facilidade em conseguir sala de cirurgia. Nove por cento
disseram achar tranquilo realizar exames e outros 9% avaliaram que
a estrutura médica é adequada.
Além
disso, 64% dos médicos relataram já ter sofrido agressão no
exercício do seu trabalho, sendo 12% aqueles que levaram tapas,
chutes ou socos.