Estudo publicado no New England Journal of
Medicine e apresentado nesta semana na sessão mais
importante do encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia, em
Chicago, revelou que a maior parte das pacientes consideradas de
baixo risco para recidiva do câncer
de mama (ou seja, a volta do tumor) pode evitar
a quimioterapia.
Segundo o trabalho, mais de dois terços dessas
mulheresdeveriam realizar apenas o tratamento
hormonal.
A pesquisa, chamada de TailorX,
acompanhou mais de 10 mil
mulheres durante cerca de nove anos nos Estados
Unidos e em outros cinco países. Os resultados da avaliação
mostraram que a maioria das pacientes poderia rejeitar a
quimioterapia após a retirada do tumor. A mulher poderia
seguir seu tratamento exclusivamente com a hormonioterapia,
que bloqueia o hormônio capaz de contribuir para a volta do
câncer.
Uma das autoras do estudo, a médica
brasileira Ingrid Mayer, chefe do serviço de mama da Vanderbilt University Medical
Center, nos Estados Unidos, ressalta que os achados são
importantes para evitar tratamentos desnecessários e com efeitos
colaterais indesejados, comuns na quimioterapia. “O impacto do
estudo é muito grande, uma vez que a maioria das pacientes
diagnosticadas com câncer de mama tem tumores de menor risco, com
características que se beneficiariam da terapia hormonal”, destaca
Ingrid Mayer.
Para chegar a essas conclusões, os
cientistas avaliaram dados do Oncotype, um teste que ajuda
a identificar as características do câncer e, assim, guiar a melhor
forma de tratamento. No Brasil, o teste não está disponível na rede
pública nem é coberto pelos planos de saúde.
O oncologista Antonio Carlos Buzaid,
fundador do Instituto Vencer o
Câncer e médico da BP
– Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Israelita Albert
Einstein, também na capital paulista, nota que os dados
apresentados podem mudar a conduta do
tratamento daqui pra frente. “É uma grande novidade,
com potencial para proteger as pacientes com tumores
característicos dos efeitos de terapias mais agressivas”.
Os autores do estudo fazem uma
ressalva. Mulheres com menos de 50 anos devem ter uma conduta
individualizada, pois os resultados da pesquisa indicaram que essas
pacientes teriam melhor prognóstico com
a combinação de hormonioterapia e quimio.