Portaria determina que os novos
servidores públicos concursados não tenham mais direito ao plano de
saúde.
Empregados do serviços e de empresas
públicas bancarão pelo menos metade da assistência, pais e mães
serão excluídos. Novos concursados terão de recorrer a planos
privados
São Paulo – O governo Temer alterou
regras do sistema de saúde dos servidores públicos federais em todo
o pais, através de uma portaria publicada na última sexta-feira
(26) no Diário Oficial da União. Com a desculpa de
cortar gastos, o trabalhador vai bancar pelo menos metade do valor
do plano de saúde e milhares poderão ficar sem cobertura.
A portaria determina que os novos
servidores públicos concursados não tenham mais direito ao plano de
saúde e aqueles estão na ativa, terão que se adaptar às novas
regras em um período máximo de quatro anos.
Entre os dependentes dos servidores,
só poderão permanecer no plano os filhos e companheiros conjugais.
Os pais terão que ser definitivamente excluídos. A principal
alteração, entretanto, mexe no bolso. O governo que arcava com
cerca de 75% dos gastos com saúde, pagará no máximo 50%.
"Fica só a modalidade de reembolso,
inclusive essa portaria proíbe entrar no acordo coletivo de
trabalho a negociação do plano de saúde. Portanto, nós estamos
vivendo um estado de terror, a cada dia é um novo golpe, é mais sacrifício
não apenas para o servidor público, mas para o povo brasileiro como
um todo" afirma o diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de
São Paulo (Sindsep), Oton Pereira Alves, em entrevista ao
repórter Uélson Kalinovski, da TVT.
As normas passam a valer para todas as
147 empresas públicas do país, incluindo bancos, ministérios e
autarquias. De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo,
Osasco e Região, com as resoluções, baixadas pela Comissão
Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de
Participações Societárias da União (CGPAR), o governo agrava a conduta das direções de
bancos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil,
que já vinham tentando impor dificuldades aos funcionários por meio
de medidas internas e sem negociações com seus representantes.
“Esse é mais um ataque do governo
Temer aos direitos dos trabalhadores sob o pretexto da melhoria da
governança das empresas públicas”, diz o diretor do sindicato
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da
Caixa (CEE/Caixa), instituição que hoje arca com 70% do custeio do
plano de assistência.
Os trabalhadores dos Correios e da
Infraero serão fortemeete atingidos, pois atualmente contam com até
95% de gastos com a saúde garantidos pelo governo.
Com os cortes, a
principal preocupação é com carteiros, cujo salário final
líquido é de cerca de R$ 1.600, já descontados os gastos com a
saúde. Pelo novo sistema, eles terão de pagar por cada ente da
família que for incluído e o valor final pode ultrapassar o próprio
salário. "Teremos que retirar parentes [do plano]. Se quisermos
continuar o salário não vai ser suficiente pra pagar pelo número de
dependentes. E olha que a família média da categoria é de quatro
pessoas", afirma Emerson Marinho, diretor da Federação
Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (Fentect).
“Muitas vezes em campanha salarial nós
abrimos mão de aumentos salariais para manter o plano de saúde para
dar um conforto aos nossos familiares", completa.
Os sindicatos dos servidores já estão
mobilizados para recorrer na Justiça. “Nós estamos em contato com
nossos advogados para que nós possamos montar uma tese pra derrubar
essa resolução que vem do Ministério do Planejamento", acrescenta a
Fentect. "
"Vamos analisar a possibilidade de uma
ação para suspender mais esse ataque aos funcionários públicos",
declara o Sindsep.