1 - Vencer desafios
Conhecer os limites do corpo e treinar para superar os
obstáculos a partir disso. É a proposta do Le Parkour, uma
atividade desenvolvida na França para levar às ruas as técnicas de
salvamento e resgate usadas em treinos militares, que chegou ao
Brasil nos 2000. É mais conhecida pelos vídeos radicais nos quais
os praticantes saltam entre edifícios, mas não se resume a isso,
garante o instrutor Jeff Thiago, que dá aulas gratuitas da
modalidade todos os sábados no Parque da Jaqueira, próximo à pista
de skate.
"O parkour envolve você descobrir o tamanho da sua impulsão, a
resistência física. É usar os movimentos com técnica e eficiência.
Você desenvolve coordenação motora, por exemplo. Tem muita gente
treinando para ganhar força nas pernas", afirma. Aos interessados,
Jeff conta que basta ter um tênis confortável, coragem e
disposição. A idade mínima recomendada para treinar é oito anos. O
estudante Alejandro Estevan, 18, começou a fazer atividades físicas
por causa do parkour. “Você aprende a controlar seu corpo para
superar os limites”, garante.
2 - Cuidar das dores da mente
A doméstica Iracema Soares, 64, convive com a depressão há
quatro anos. Tem diabetes. Soma três cateterismos e um recente
internamento de um mês e cinco dias. Mas nada disso é razão para
não se mexer. Três vezes por semana, ela esbanja um sorriso
contagiante. Iracema faz questão de vencer as limitações porque
encontrou a felicidade nas práticas integrativas.
A depressão é a maior causa de incapacitação no mundo, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A prática de
exercícios físicos reduz em até 30% o risco de desenvolver a doença
e podem atenuar também os impactos dela. Quando foi diagnosticada,
Iracema recebeu a recomendação de buscar a Unidade de Cuidados
Integrados à Saúde Guilherme Abath. Ela começou a fazer dança
percussiva, prática que enxerga o corpo como instrumento, e também
tai chi chuan. “Tudo o que acontece em casa esqueço quando chego
aqui. Se eu passei a noite chorando, descarrego aqui”, conta
Iracema.
O UCIS Guilherme Abath e o Serviço Integrado de Saúde são
lugares onde o recifense tem acesso gratuito a práticas como dança,
artes marciais chinesas e pilates.
3 - Fazer amigos
Se evitar as doenças crônicas não for motivo suficiente para
deixar a preguiça de lado, o autônomo Paulo Souza, 48 anos, dá uma
ajuda. Praticar exercícios aumenta o poder de sociabilidade,
garante. Há cerca de um ano e sete meses, ele era uma pessoa
introvertida e sedentária. Se inscreveu no projeto Hapvida +1K e
agora é um homem novo. Saiu das caminhadas esporádicas para
corridas de até 10 quilômetros.
Paulo sempre buscava desculpas. Nem o histórico de diabetes na
família servia de impulso para praticar alguma atividade física. A
decisão de participar de um grupo de corrida foi motivada por
romper a timidez. “Fiz muitas amizades e comecei a mudar meu estilo
de vida”, diz. Como um efeito em cadeia, Paulo passou a treinar
três vezes por semana, em alguns meses começou a participar de
competições e já acumula 24 medalhas.
O Hapvida 1K é uma assessoria gratuita para treinos de corrida
e caminhada. As aulas acontecem em seis polos. Cada turma tem até
100 alunos. O critério para participar é não faltar mais de três
vezes sem justificativa e apresentar os exames médicos. Não precisa
ser vinculado ao plano de saúde. “De acordo com o nível de
condicionamento de cada um, fazemos as adaptações”, explicou o
coordenador do programa, Jailton Santos.
4 - Explorar as áreas públicas
O Recife tem 660 espaços públicos. Em seus 94 bairros, a
cidade esconde diversos praças, parques e equipamentos aptos à
prática de atividades físicas. Só de Academias Recife para
musculação são 14, a última delas inaugurada em Beberibe, no começo
do mês. De Academias da Cidade são 42, com 160 profissionais para
realizar avaliação física e orientação nutricional. Há um
verdadeiro arsenal de opções esperando para ser desbravado, como
descobriu a procuradora Iane de Sá Ferreira, 43 anos.
Praticante de tênis há um mês, ela estava refém de uma viagem
de 20km para treinar em uma quadra de um condomínio particular. Na
última semana, descobriu que o Parque Santana, perto da própria
casa, dispõe de um espaço para a prática, sem necessidade de
agendamento. “Foi ótimo chegar e usar. O ideal seria também
disponibilizarem profissionais para que mais gente pudesse praticar
o esporte”, sugere.
Outra cidade do Grande Recife também dispõe de equipamentos.
Olinda tem 12 academias do bairro, com educadores físicos à
disposição, e também cinco Academias da Saúde, onde há
nutricionistas e a população pode fazer exames de pressão e
glicose.
5 - Ajudar a coletividade
Democratizar o acesso ao pilates e à ioga, práticas que
geralmente têm um custo alto nos estúdios do Recife, fazendo um
convite à solidariedade. A ideia é de quatro amigas
fisioterapeutas, que uma vez por mês vão para algum parque ou praça
da cidade, montam os tapetes no chão e convidam desconhecidos a
movimentar o corpo. Em troca, o projeto Pilates e Yoga para Todos
só pede doações que são encaminhadas a lares de idosos e pessoas em
situação de vulnerabilidade. “A gente quer que as pessoas conheçam
os benefícios das práticas e também se movimentem”, explica uma das
criadoras, a fisioterapeuta Damyeska Alves.
As aulas são divulgadas na página do grupo no Facebook, com um
mês de antecedência, e geralmente acontecem nos parques da Jaqueira
ou Dona Lindu. A arquiteta e urbanista Morena Antunes, 39, começou
a participar há cerca de dois anos. “A ideia de ocupar os espaços
públicos sempre me agradou. E dessa maneira, interagindo com
diversas classes sociais, formas de pensar, de se cuidar e cuidar
do outro, me atraiu. Encontrei no Pilates uma atividade que é a
minha cara”, explica. A ideia do projeto é ir também para outros
parques e praças, o que dependerá da demanda.