O Rio de Janeiro vive um forte clima
de insegurança, com o aumento da criminalidade impulsionado
principalmente pelo roubo de cargas. Recentemente, o crime
organizado passou a usar o roubo de carga como uma alternativa mais
rentável e menos arriscada ao tráfico de drogas. Assim, as empresas
passaram a enfrentar um verdadeiro cenário de guerra para conseguir
realizar o frete dos seus produtos.
De acordo com dados da Federação das
Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no ano passado os prejuízos
com roubos de cargas no Brasil chegaram a R$ 1,4 bilhão. Ao todo,
foram 22.547 ocorrências. Só no Rio de Janeiro foram 9.870 casos, o
que representa 43% do total de cargas roubadas. O Estado ficou
atrás apenas de São Paulo, com 9.943 casos.
No acumulado entre 2011 e 2016, foram
registrados 97.786 casos de roubos de carga no país. Esses números
representam um prejuízo estimado aos empresários de R$ 6,1 bilhões.
Já em 2017, de janeiro a agosto, São Paulo registrou 7.282
ocorrências, enquanto o Rio de Janeiro teve 5.769 casos.
Análise
De acordo com Ricardo Guirao, diretor
de Transportes da Aon Brasil, para combater esse problema é preciso
melhorar toda a cadeia do transporte. “Os empresários, em muitos
casos, passam a realizar ações pontuais como arcar com os custos
adicionais de segurança, escoltas armadas e monitoramento via
satélite”, afirma.
“Além de gerar passivos enormes, essas
medidas não têm sido suficientes, principalmente pela sofisticação
das táticas dos assaltantes e seu poderio bélico. O que mostra a
necessidade de melhorar a cadeia do transporte como um todo”,
reforça o executivo.
O Rio de Janeiro é o único estado do
Brasil em que os transportadores cobram uma taxa adicional de
entrega, denominada EMEX (Taxa de Emergência Excepcional). A tarifa
foi criada para garantir novos processos de segurança ao embarque e
tentar minimizar os riscos.
Por conta do alto risco envolvido, as
seguradoras passaram a tomar providências internas para se proteger
e manter a sinistralidade equilibrada. “Algumas mudanças estão
acontecendo no desenho das apólices, tornando as taxas mais
elevadas. Em alguns casos, elas podem até triplicar o valor das
notas. Em outros desenhos, menos flexíveis, as franquias de
participação nos sinistros são aumentadas”, explica.
Gerenciamento de Riscos
Além disso, o cenário de insegurança
cria uma rigidez nos planos de gerenciamento de risco para o
trânsito de cargas no Rio de Janeiro. “Os problemas incluem
proibições de circulação em algumas áreas de extremo risco e de
viagens noturnas”, comenta Guirao. “Em alguns casos extremos, as
seguradoras estão declinando a cobertura de mercadorias mais
visadas, como alimentos, celulares, eletrônicos, higiene e
limpeza”, complementa.
O executivo também diz que o momento é
um dos mais desafiadores para o mercado de seguro. “As consultorias
e os departamentos de gerenciamento de risco das seguradoras nunca
foram tão acionadas e desafiadas. Por isso, essas empresas precisam
buscar novas estratégias eficazes contra a criminalidade e, ao
mesmo tempo, reduzir os valores gastos com segurança”,
esclarece.
Números
Em um levantamento sobre a perspectiva
Global de Riscos para o ano de 2017, o Brasil está ranqueado como o
8º país com o maior índice de insegurança no mundo, ficando atrás
somente dos países em guerra, como Síria e Afeganistão. O principal
motivo para esse resultado é o risco do roubo de carga.
“Esses números retratam um cenário
assustador para todos nós, principalmente pela falta de
perspectivas de mudança, por conta das incertezas do cenário
político atual. Tudo isso acumulado com anos de falta de
investimento e medidas de segurança eficientes que façam frente à
criminalidade cada vez mais preparada e organizada”, afirma
Guirao.
A situação de insegurança não é
exclusiva do Rio de Janeiro. “O momento é de alta sinistralidade em
todo Brasil e reforça a importância de contratar um pacote de
seguros eficiente e completo, que conte com também com uma boa
consultoria de gerenciamento de risco”, aponta. “Essas duas
ferramentas têm trazido um conforto maior para as empresas frente
ao descontrole e aumento dos roubos”, complementa.
Gerenciamento de riscos dentro de
casa
Ricardo Guirao esclarece que para
ajudar seus clientes a se preparar melhor, a Aon busca trazer o
maior número possível de informações, de órgãos públicos e
privados. “Para realizar uma boa consultoria, mantemos nossos
clientes sempre muito bem informados sobre o que tem ocorrido no
Brasil, principalmente em relação às particularidades de cada
estado”, explica.
Essas informações não são somente
sobre a criminalidade, mas também sobre os desafios e mudanças
ocorridas no seguro de transporte de cargas. “Sempre estamos
fazendo reuniões periódicas para discutir os assuntos relativos ao
tema”, afirma.
Por fim, o executivo diz que o
gerenciamento de riscos depende de uma transformação cultural na
sociedade. “As seguradoras e corretoras não conseguem realizar
mudanças sozinhas. Todos os envolvidos no processo de transporte,
como embarcadores, transportadores, seguradoras, corretoras e
empresas de gerenciamento de risco precisam estar cientes da sua
importância nessa cadeia de prevenção”, conclui.