Os altos custos da área de saúde
puxaram o reajuste dos planos de saúde em 13,55%, anunciado pela
ANS na semana passada. De acordo com a FenaSaúde, a despesa
assistencial per capita, em 2016, foi de 19,17%, o que contribui
para o ajuste, e é prejudicial tanto para os consumidores quanto
para os planos.
“Os consumidores pagam mais caro para
terem acesso a assistência e os planos são obrigados a custearem a
escalada de custo do serviço”, revela comunicado da Federação.
Apesar de o ano passado ter mostrado a
perda de 1,5 milhão de beneficiários, o número de procedimentos
médicos cresceu no mesmo período. Em 2015, foram realizados 759
milhões de exames e 267 milhões de consultas, em 2016, esses
números saltam para 917 milhões e 301 milhões respectivamente.
“As operadoras administram os recursos
dos beneficiários para pagar todos os fornecedores da cadeia de
saúde: médicos, hospitais, laboratórios, tecnologias, medicamentos
obrigatórios, órteses etc. Estes agentes da saúde exercem pressão
sobre os preços e não se submetem à avaliação e às regras
estipuladas pela ANS. Toda essa complexa cadeia pressiona a alta
dos custos, sendo uma das causas dos reajustes dos planos de
saúde”, pondera a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro
Mendes.
Cinco fatores cruciais que impulsionam
o reajuste, de acordo com a Federação:
• Aumento do uso dos procedimentos e
recursos médicos, muitas vezes estimulado pelos próprios
prestadores de serviço. Cabe examinar se há necessidade para tal
ação que impõe ao paciente a realização de inúmeros exames. •
Modelo de remuneração dos prestadores de serviços médicos baseado
na quantidade de procedimentos realizados. Ou seja, quanto mais
pedidos de exames, consultas e diversos outros procedimentos maior
será o retorno financeiro de médicos, hospitais, laboratórios etc.
• Desperdícios e fraudes dos recursos no sistema de saúde – por
exemplo, na realização de cirurgias com uso de órteses e próteses
sem a real necessidade clínica comprovada (Máfia das Próteses). •
Incorporação acrítica de novas tecnologias à lista obrigatória de
procedimentos a serem cobertos pelos planos. Nesse caso, o avanço
da tecnologia é positivo para o cuidado com a vida, mas é preciso
analisar se a indicação tem um equilíbrio entre seu custo e sua
efetividade, ou seja, se tal procedimento traz, de fato, um melhor
resultado efetivo à coletividade em comparação aos já presentes na
lista. Toda inclusão traz impacto – a longo prazo – ao valor das
mensalidades dos planos, já que a inserção de procedimentos não
decorre da substituição dos existentes anteriormente. • Impacto da
carteira de clientes no reajuste dos planos de saúde: ou seja,
perfis dos participantes; recorte etário desses beneficiários;
distribuição geográfica dos planos; redes de prestadores de
serviços médicos, se próprias ou credenciadas; entre outros
aspectos.