Segundo o sócio de uma corretora de
Vitória, Mário César Ribeiro, há casos em que o reajuste chegou a
40%, dependendo do modelo do carro, entre outros fatores
A grande quantidade de
furtos e roubos de veículos registrada no Espírito
Santo, nos últimos meses, fez com que o preço da
contratação de seguro para os automóveis crescesse
consideravelmente. Segundo o sócio de uma corretora de Vitória,
Mário César Ribeiro, o valor subiu, em média, cerca de 20%.
O corretor explica que esse reajuste
varia bastante, dependendo do modelo do carro, da região onde mora
o segurado, se o veículo fica dentro ou fora da garagem, entre
outros fatores. “O preço do seguro é mais alto quando é para um
carro mais visado pelos bandidos. Em alguns casos, esse reajuste
foi de 40%”, ressaltou.
De acordo com Ribeiro, a alta no preço
do seguro tem prejudicado o setor, já que a procura pelo serviço
tem sido menor. “Isso atrapalha muito o nosso mercado, na medida em
que o preço do seguro fica inviável para a maioria da população
pagar, principalmente nos veículos populares. Há uma grande
incidência de pessoas que, ao renovar o seguro, dizem que não têm
dinheiro para isso. Por causa disso, muitos têm recorrido ao
chamado seguro popular, cujo preço é cerca de 30% mais baixo que
uma apólice normal. Mas, mesmo assim, o valor ainda fica bem alto”,
disse.
Para o corretor, o principal fator que
tem elevado os índices de furtos e roubos de veículos é a falta de
policiamento nas ruas. “A greve da polícia foi um divisor de águas.
É lógico que essa é uma sensação que eu tenho e a população também
tem, mas parece que a polícia não voltou da greve ainda”,
afirmou.
De acordo com o corretor, somente na
empresa dele chegam pelo menos dois acionamentos de sinistro por
semana, de carros que são levados por bandidos. Segundo ele, a
Serra é a cidade da Grande Vitória com o maior número de registros,
o que faz com que o seguro seja mais caro para veículos do
município.
César Ribeiro destacou ainda o aumento
no número de roubos de veículos de luxo. “Antes não era tão comum o
crime de tomar o veículo de assalto. O bandido furtava o veículo na
rua e, geralmente, eram automóveis populares, com menos itens de
segurança. Só que agora os bandidos estão assaltando qualquer
carro, inclusive os mais sofisticados, já que rendem o motorista
com o veículo em andamento”, frisou.
Já o presidente da Banestes Seguros,
Otacílio Pedrinha, prefere não associar o aumento do preço do
seguro com um maior índice de roubos de veículos na Grande
Vitória.
“O valor do seguro varia muito de
acordo com o risco inerente ao local onde mora o segurado. Se houve
um aumento no número de roubo de carros, é também porque a frota
aumentou bastante. Mas não é de interesse das seguradoras aumentar
o prêmio dos seguros. Não há uma maior rentabilidade da empresa com
esse aumento”, destacou.
Vítima
Quem sofreu na pele com o alto preço
dos seguros foi o autônomo Sérgio Delunardo, de 44 anos. Ele mora
há 22 anos em Guaranhus, Vila Velha, e conta que todos os dias
deixava o carro estacionado em frente à casa onde mora com a
família. No entanto, o veículo foi roubado na semana passada,
quando ele chegava em casa.
“Encostei o carro como eu encosto
sempre, um pouco em cima da calçada. Saí do carro com minha esposa
e, quando abrimos o portão, fui abordado por um rapaz armado. Ele
pediu a chave do carro, senão ia atirar em mim”, disse o autônomo,
em entrevista para a TV Vitória/Record TV.
A vítima disse que tinha comprado o
veículo há apenas quatro meses e o utilizava para fazer transporte
executivo de passageiros. “Eu tinha já uma carteira boa de
passageiros que eu carrego sempre e agora estou de pés e mãos
atadas”, lamenta.
O autônomo registrou um boletim de
ocorrência, mas o veículo ainda não foi recuperado pela polícia.
Para piorar, ele não tinha contratado o serviço de seguro,
justamente por conta do valor: mais de R$ 4 mil.
“Quando eu procurei o corretor, os
preços estavam meio altos. E como eu falava que morava em
Guaranhuns e que o carro às vezes tinha que ficar do lado de fora
da garagem, o valor ficava alto demais”, contou.