Os seguros personalizados para micro e
pequenas empresas devem se expandir e gerar “um dos maiores
retornos de 2017” para o setor. Seguradoras tendem a reforçar a
atuação e investir nos novos negócios gerados com a falta de oferta
de trabalho no País.
Com mais de 1,3 mil vagas fechadas em
2016 e índice de desemprego a 11,9%, o chamado “empreendedorismo de
necessidade” ganhou a atenção das seguradoras.
Segundo dados da Serasa Experian, de
janeiro a outubro do ano passado, 1,7 milhão de empresas foram
criadas – número recorde para o período desde 2010. Desse total,
78,9% (1,34 milhão) foram de Micro Empreendedores Individuais
(MEIs).
“Não há dúvida de que há uma demanda
muito grande por seguros direcionados aos pequenos e médios
empreendedores e, em momentos de dificuldade econômica, esse
mercado precisa reforçar sua atuação”, identifica Felipe Smith,
diretor executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine.
O executivo ainda destaca que, frente
à geração de 77% dos empregos do País e com a perspectiva de que
apenas 30% têm seguro empresarial, o segmento “é relevante” e
precisa de atenção.
Dados da última pesquisa realizada
pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), os pequenos negócios representam 27% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro.
“O pequeno e médio empresário tem
profissionalizado seu negócio. E um aspecto importante é saber
mitigar os diversos riscos envolvidos. Para isso, existem
diferentes modalidades de seguros no mercado, decisivas para a
continuidade da operação em caso de um sinistro”, explica Paride
DellaRosa, CEO da AIG Brasil.
Ainda de acordo com os executivos
ouvidos pelo DCI, apesar desse momento de crise e de muitas das
micro empresas abertas não terem aguentado por muito tempo, “o
momento de investimento é agora”.
“De olho no potencial desse mercado e
na demanda de produtos e soluções para o setor de serviços,
passamos a investir, fortemente, no desenvolvimento de seguros
específicos”, afirma Smith.
Ele destaca, porém, que ouvir os
corretores e clientes do segmento para tentar conseguir “oferecer
coberturas específicas que atendem às reais necessidades desse
público”, são questões muito importantes e que precisam continuar
acontecendo no mercado.
“As análises são aprofundadas e seguem
questões estratégicas importantes para cada segmento de mercado
avaliado”, acrescenta o diretor.
Para os executivos, as principais
coberturas de destaque tendem a se relacionar ao seguro multirrisco
empresarial – que protege a companhia de diversos riscos e preserva
o patrimônio, abrangendo imóveis, equipamentos, mercadorias, móveis
e utensílios.
Informações da Superintendência de
Seguros Privados (Susep) apontam que apesar de o seguro
compreensivo empresarial mostrar recuo de 3,4% nos prêmios de
novembro de 2016 frente igual mês de 2015 (de R$ 178,5 milhões para
R$ 172,4 milhões), subiu 1,9% no consolidado dos onze primeiros
meses do ano contra o mesmo período do ano anterior (de R$ 1,869
bilhão para R$ 1,905 bilhão).
De acordo com DellaRosa, a estratégia
fundamental é aprofundar o relacionamento com os corretores e
oferecer produtos personalizados, com soluções adequadas ao
comportamento do mercado.
“Um corretor cada vez mais
especializado e técnico, com uma carteira de seguros diversificada,
poderá mostrar a seus clientes como minimizar potenciais riscos que
envolvem seu negócio, desde estarem protegidos contra eventuais
erros cometidos por seus funcionários e gestores, até resguardar
seu patrimônio contra incêndios, acidentes e roubos”, afirma o CEO
da AIG.
“Em 2016, a perspectiva é de
crescimento de 15% nesse segmento e de números ainda maiores para
este ano”, afirma Smith, da Tokio Marine.
Altas consideráveis
Para Alexandre Camilo, presidente do
Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), os
ânimos ainda estão “difíceis de melhorar” frente à turbulência do
mercado, mas a perspectiva é de crescimento para este ano.
“Ninguém conseguiria prever essa
turbulência, mas o mercado segurador, por conta do dinamismo,
comprometimento e até mesmo da criatividade, vai despontar uma alta
mais considerável ao longo de 2017”, avalia o presidente.
Ele destaca que, agora, o setor está
“mais preparado”. “O segmento optou por pensar em várias maneiras
de diversificar a oferta e os próprios produtos para os clientes
durante a crise, tentando destacar a importância de se proteger.
Assim, qualquer pequena retomada que dê sinais mais significativos,
já estabiliza o nosso setor”, complementa Camilo.