Estudo do Banco Mundial coloca o
Brasil em 132ª posição em um total de 143 países avaliados
Estudo do Banco Mundial aponta que
apenas 4% dos brasileiros poupam recursos para a velhice. Entre os
143 países avaliados, o Brasil está na 132ª posição, perdendo até
para o Congo, Maláui e Togo, com PIB per capta 15 vezes menor. Já
na Tailândia, com PIB per capta semelhando ao do Brasil, a taxa de
poupança para a velhice é de cerca de 60%.
Entre as razões apontadas por
especialistas para esse baixo índice de poupança dos brasileiros
para a velhice está a memória do período de elevada inflação que
durou até os anos 1990. “Há 20 anos, mal era possível planejar para
o fim do mês”, afirmou Paulo Valle, vice-presidente da
FenaPrevi.
Mas por mais que os especialistas
destaquem a importância da educação financeira para o hábito da
poupança, também afirmam que isso só não basta, ressaltando a
importância de ações diretas sobre o comportamento. O
economista-chefe do time de pesquisa em finanças e setor privado do
Banco Mundial, Leora Klapper, cita os exemplos de Gana e
Bangladesh, onde os salários dos trabalhadores são entregues sempre
com um lembrete para que poupem. Em Gana, 55% têm o hábito de
poupar e 13% economizam para a velhice. Em Bangladesh, são 24% e
6%, respectivamente.
Políticas públicas também têm um
importante papel de incentivo à poupança, segundo a professora da
escola de negócios da Universidade da Pensilvânia, Olivia Mitchell.
“Isenções fiscais, por exemplo, podem incentivar investimentos em
alguns tipos de previdência, mas ainda assim boa parte da população
só poupará se houver adesão automática”, diz ela.
E se os brasileiros não estão
preparados para a aposentadoria, também não estão para os casos de
emergência. Segundo o estudo, 44% deles – mais de 70 milhões acima
dos 15 anos – consideram impossível levantar cerca de R$ 2.500 numa
necessidade extrema, necessitando, nesse caso, recorrer a amigos e
parentes.
Segundo os pesquisadores do Ipea
Marcos Antonio Coutinho da Silveira e Ajax Reynaldo Bello Moreira,
um dos fatores que impedem a acumulação de poupança é o baixo
acesso ao crédito. “Sem empréstimos para suavizar o consumo, as
pessoas consomem toda a renda”, afirmam. Mas, mesmo entre os 10%
mais ricos da população, 46% das famílias têm poupança financeira
zero. A não inclusão bancária e falta de confiança no sistema
financeiro também foram apontados por entrevistados como razões
para não investirem.