Consumidor deve estar atento para não
cair em armadilhas
A tentação de contratar seguros
on-line, sem a presença de intermediários, pode se tornar uma
armadilha para os consumidores mais afoitos. Antes de fechar uma
apólice pelo computador ou telefone celular, é preciso cautela
redobrada: a opção apresentada aos clientes como “rápida, fácil e
moderna” pode virar um problema se ele não ler com atenção os
termos da cobertura. As reclamações se avolumam e têm chegado à
Superintendência de Seguros Privao (Susep), órgão regulador do
mercado, e às entidades de defesa do consumidor.
Há casos de seguradoras 100% on-line
que não divulgam com clareza detalhes importantes nas apólices de
automóveis e seguro de vida. As proteções podem ser personalizadas
(o consumidor escolhe as coberturas que quer adicionar ao seguro),
o que torna o seguro mais barato que a média de mercado. No seguro
de vida, porém, muitos clientes não percebem que há carência de 18
meses para cobertura por morte natural. Essa informação nem sempre
é divulgada de forma clara na contratação da apólice. Nas apólices
de automóvel, muitos segurados não percebem que a cobertura só
inclui perda total (apelidada no site de PT), daí não cobrar taxa
de franquia.
Segundo a Federação dos Corretores de
Seguros (Fenacor), a propaganda pode iludir o consumidor ao dizer
que o corretor de seguros não é necessário. E alerta o consumidor:
empresa sem registro, com posturas agressivas em relação ao
consumidor, ao mercado e aos corretores de seguros é ilegal.
—Trata-se de um desafio ao Código de
Defesa do Consumidor, pelos riscos que acarreta para quem é
enganado na compra de produtos. Para os corretores, é um
desrespeito com nossa profissão, devido à propaganda desrespeitosa
— alerta Armando Vergilio, presidente da entidade.
Vergílio destaca que seguro não é
apenas uma contratação ou a sensação de segurança e cobertura. É
dar ao cliente a garantia de bons produtos, caso alguma
eventualidade aconteça.
— Uma seguradora on-line e sem
registro é uma ilusão perigosa — critica o presidente da Fernacor,
ressaltando que o corretor tem um papel importante, pois é alguém
que conhece o mercado e os perfis de seguros mais indicados aos
clientes, numa relação de confiança. —Mexemos com momentos de
tensão, dor e perigo na vida das pessoas. Vamos além da venda pura
e simples — acrescenta. Quando falamos de seguro on-line, alguns
ramos necessitam de mais atenção na escolha das coberturas a serem
contratadas. Para Erico Melo, corretor de seguros e presidente do
Sincor de Sergipe, é preciso atenção:
— Para a modalidade de automóvel, por
exemplo, pode-se ter a sensação de estar contratando um produto
completo, com cobertura total, e na hora da ocorrência de uma
colisão com perda parcial ter a infeliz surpresa de que o produto
escolhido somente oferece cobertura por perda total ou somente para
danos a terceiros — exemplifica.
Os especialistas lembram ainda que as
modalidades on-line têm contratações que tendem a ser de produtos
simplificados, que não apresentam várias opções de coberturas. Este
é mais um motivo para o cliente ficar atento. Em caso de análises
mais complexas, o melhor é um consultor para analisar as diversas
variantes envolvidas e aquela que melhor atende às necessidades,
perfil e condições financeira do cliente.