O sistema público de saúde está
sobrecarregado. Por culpa da crise econômica, a procura por
atendimento no SUS aumentou.
O vigilante Lineu, a vendedora
Patrícia, dona Ângela, empregada doméstica - como três de cada
quatro brasileiros, eles dependem exclusivamente dos serviços
públicos de saúde.
O caso do seu Márcio é diferente.
Ele sempre teve plano de saúde, até ficar desempregado, há três
anos. Cardíaco, passou a fazer os exames preventivos pelo SUS. Diz
que o hospital é bom, mas sobrecarregado.
“Você vê as pessoas brigando no
corredor, funcionários, para poder tentar atender um ou outro, mas
mesmo assim o contingente é muito grande”, disse Márcio Aparecido
Trambaioli.
A professor Mônica Maciel esteve
desempregada, parou de pagar o plano e teve que recorrer ao
SUS.
“Nós chegamos agora, estão
atendendo o pessoal das 9 horas. Até agora. É uma hora”, lamentou
Mônica.
Pelos dados da ANS, a Agência
Nacional de Saúde Suplementar, entre julho de 2015 e julho de 2016,
quase 1,7 milhão de pessoas deixaram de ser beneficiárias de planos
de saúde privados.
“Para mim era muito difícil pagar
três planos: eu, meus filhos, porque eu tenho dois filhos. Aí eu só
fiz o meu e não fiz o deles. Até me arrependi”, disse Simone Santos
Freire, supervisora de hotelaria.
O governo federal já anunciou que
pretende autorizar a criação de planos de saúde populares, mais
simples e baratos, que ajudem a aliviar o SUS. Ao mesmo tempo, foi
criado um grupo de trabalho para estudar alterações na legislação
que rege o sistema público de saúde.
A coordenadora da Proteste,
associação de defesa do consumidor, se preocupa com planos de saúde
que limitem muito os atendimentos.
“Isso não resolve o problema do
consumidor, porque ele vai ter um atendimento até determinado
momento, mas se ele precisar de procedimentos, cirurgias, ele vai
ter que se socorrer do SUS”, explicou Maria Inês Dolci.
“Nós estimulamos uma discussão e
esperamos que brevemente esses brasileiros que perderam os seus
planos tenham uma opção onde eles possam retornar a ter a segurança
da saúde suplementar”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo
Barros.
Quanto ao SUS, o ministro diz que a
intenção é economizar melhorando a gestão: “Tudo mais que nós
fizermos em eficiência e em economia será reaplicado imediatamente
no SUS, não há redução de recursos.”
Quem depende mesmo só do SUS quer
mais é que ele melhore.
“Tem que aumentar mais é médico,
está precisando de médico, está precisando de remédio, está
precisando de tudo”, reclamou o aposentado Israel Lanini.