Em apenas um mês, 2.987
pessoas em Pernambuco perderam assistência médica particular. De
acordo com pesquisa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
em maio utilizavam os planos de saúde 1.352.510 pessoas no Estado.
No mês junino, o número de usuários caiu para 1.349.523, -0,22%. Os
dados nacionais também não são animadores. Ainda segundo a
pesquisa, 98.774 usuários não utilizam mais os serviços
particulares no Brasil, uma queda de 0,2% de um mês para
outro.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Planos de
Saúde (Abramge-PE), Flavio Wanderley, boa parte dos números é
relacionada ao cancelamento de contratos coletivos, após cortes de
funcionários devido á crise econômica. “Muitos trabalhadores
brasileiros tinham planos particulares, porque suas empresas
pagavam ou tudo ou uma porcentagem do valor das consultas. Com a
demissão, o contrato é cancelado”, disse. Para ele, muitos
beneficiários estão optando pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou
até mesmo buscando serviços particulares, fora de planos. “Esses
dados não são bons. Pois sobrecarrega o sistema público. E no caso
de pessoas que pagam pelo serviço particular, aumenta
consideravelmente o orçamento da família”,
comentou.
O levantamento feito pela Abramge mostrou que de abril de
2014 até abril de 2016 cerca de 100 mil trabalhadores no Estado já
estão fora dos planos de saúde formais. É bom lembrar que é cada
vez mais difícil contratar um plano individual. A onda de demissões
no País não é a única explicação. Mudanças nos planos e
terceirização dificultam a contabilização das pesquisas do
setor.
Quem enfrenta hoje essa dura realidade é a professora Barbara
Karina dos Santos, de 30 anos. Ela ficou com plano de saúde por um
ano e meio, enquanto foi professora de biologia de uma rede
particular de ensino, mas, recentemente, após sua demissão, em
dezembro, não teve como bancá-lo mais. “Os valores oferecidos a mim
eram muito altos, não tinha condições de pagar a fatura que
passaram a me cobrar. Hoje, terei de buscar o SUS, quando precisar.
Até o momento, não foi necessário. E espero o mais rápido possível
voltar a ter um plano de saúde de qualidade e confiável para que
isso não tenha de ocorrer”, afirmou.
Apesar dos exemplos ruins, alguns estados brasileiros até
conseguiram apresentar um aumento no numero de contratação de
planos de saúde, como foi os casos de Amazonas, Bahia, Pará, Piauí,
Rio Grande do Sul e Tocantins.