O alerta foi de Solange Beatriz
Palheiro Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde) – entidade representativa de operadoras de
planos e seguros de assistência à saúde –, nesta terça-feira
(15/5), em evento promovido pelo Clube Vida em Grupo do Rio de
Janeiro. Para uma plateia formada por autoridades e profissionais
que atuam no mercado segurador, a presidente da FenaSaúde chamou a
atenção para os altos custos com procedimentos, tecnologias,
medicamentos e materiais no setor de Saúde Suplementar. Segundo
Solange, a sustentabilidade do sistema tem pautado a preocupação de
todos que atuam no setor por duas principais razões: a acelerada
evolução dos custos da saúde e a solidariedade intergeracional,
quando os mais jovens subsidiam os mais longevos – isso porque, há
15 anos, para cada beneficiário com 60 anos ou mais, existiam
outros três com idades entre zero e 19 anos; hoje, essa relação
caiu para dois.
De acordo com Solange, o índice de
Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), principal indicador
utilizado pelo mercado de Saúde Suplementar como referência sobre o
comportamento de custos, registrou alta de 19,3% nos 12 meses
encerrados em dezembro de 2015. Já a inflação, medida pelo IPCA,
ficou em 10,67% no mesmo período.
“As razões que produzem a elevação
das despesas com a saúde vão desde o envelhecimento da população,
uma vez que os idosos requerem maiores cuidados, até o avanço
tecnológico, que frequentemente é apontado como sendo de maior
impacto”, avalia a presidente da FenaSaúde. “Em muitos casos, a
incorporação de novas tecnologias e procedimentos ao sistema é
feita de forma acrítica e sem avaliação de seu custo-efetividade.
Por isso, temos insistentemente demandado que haja avaliação
sistemática e institucionalizada da tecnologia previamente à sua
incorporação”, complementa a executiva. Solange também defende o
desenvolvimento de diretrizes e protocolos de utilização para que
se evite os casos em que não há evidências que suportem o custo de
determinado procedimento.
Ao apresentar os números do
segmento, a presidente da FenaSaúde ressaltou a importância de uma
ação transparente junto ao consumidor: “Essa é uma das missões da
Federação. Precisamos trazer os beneficiários para essa discussão
para que ele possa compreender o uso racional desse serviço, que
realiza três milhões de procedimentos por dia”. Em 2012, por
exemplo, para cada 1 mil habitantes foram realizadas 94
ressonâncias e tomografias computadorizadas. Em 2015, este número
passou para 130 – crescimento de 40%.
Outro ponto que mereceu destaque
durante a explanação da presidente da FenaSaúde foi a redução do
número de beneficiários em 2015 e nos primeiros três meses desse
ano: 1,3 milhão de pessoas deixaram de ter planos de saúde. Desses,
887 mil são de planos coletivos empresariais. “Sem dúvida, essa
retração de beneficiários se deve a queda do emprego formal. Há uma
relação direta entre o seguro saúde e o nível de emprego da
população”, destacou a executiva.