As despesas
das operadoras de saúde continuam a
crescer acima da expansão das receitas do setor. Entre as
associadas à FenaSaúde, a despesa total – destinada ao custeio
das despesas assistenciais, administrativas, de comercialização e
impostos – alcançou R$ 53,4 bilhões nos 12 meses terminados em
março de 2015, registrando expansão de 18,1% na comparação com os
12 meses anteriores. Os números são do Boletim Indicadores
Econômico-financeiros e de Beneficiários da FenaSaúde, lançado hoje
(11), com dados analisados até o primeiro trimestre de 2015.
De acordo com a publicação, o total
de despesas das afiliadas à Federação
absorveu 98,2% da receita de contraprestações – única fonte de
recursos do segmento, proveniente das mensalidades pagas por
beneficiários e empresas –, que totalizou R$ 54,3 bilhões e cresceu
14,3% no mesmo período. Dessa forma, o resultado operacional das
afiliadas à entidade foi de quase R$ 1 bilhão.
No mercado de Saúde
Suplementar, a despesa total somou R$ 134,8 bilhões e cresceu 15,4%
na mesma base de comparação, superando em R$ 351 milhões o valor da
receita de contraprestações, que foi de R$ 134,4 bilhões e subiu
14,7%.
Cabe ressaltar o resultado
operacional do mercado, que excetuadas as associadas à FenaSaúde
apresentou déficit de R$ 1,3 bilhão. Note-se que este resultado não
reflete a realidade de todas as operadoras que atuam no setor.
Naturalmente, algumas apresentaram resultado positivo.
Gastos com procedimentos
ambulatoriais e hospitalares subiram
A expansão das despesas pagas
pelos procedimentos ambulatoriais e
hospitalares – como consultas, terapias, internações
e exames feitos pelos beneficiários de planos e seguros privados de
saúde – foi mais acelerada que a da receita de contraprestações,
tanto para as associadas à FenaSaúde quanto para o mercado de saúde
suplementar. As associadas custearam R$ 45,2 bilhões em eventos
de assistência médica e odontológica de
seus beneficiários nos 12 meses encerrados em março de 2015, alta
de 18% na comparação com os 12 meses anteriores. Já no mercado de
saúde suplementar, a despesa assistencial somou R$ 110,5 bilhões e
avançou 16% na comparação entre esses dois períodos.
As despesas médicas vêm subindo
muito acima dos demais custos da economia. Esse cenário reforça os
apelos que a FenaSaúde tem feito ao Governo, para que promova uma
regulação mais construtiva e sustentável a fim de editar medidas
que não ampliem custos diretos – disciplinando a incorporação de
novas tecnologias, hoje feita de forma acrítica – e que não onerem
os custos de transação, que embutem as despesas com administração
dos negócios.
Outro fator que corrói os recursos
assistenciais é a indicação e utilização, muitas vezes inadequada
de Dispositivos Médicos Implantáveis (DMI), como órteses e
próteses – tipo de fraude que levou à instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso e que resultou em
medidas importantes do Ministério da Saúde, com o objetivo de
proteger os os cidadãos consumidores de planos e, consequentemente,
também usuários do sistema público de saúde. Observe-se ainda o
impacto negativo do atual modelo de remuneração de serviços médicos
por quantidade de procedimentos indicados – e não por resultados
clínicos obtidos, que seria o ideal.
A judicialização do setor também onera
as despesas setoriais, porque elitiza o acesso à saúde, concedendo
privilégios extraordinários. Quase sempre, as ações judiciais, no
caso da Saúde Suplementar, referem-se a demandas extracontratuais,
tratamentos não previstos nos contratos e coberturas não
estabelecidas no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS).
Sinistralidade em
alta
Entre as afiliadas à FenaSaúde, a
sinistralidade foi de 84,3% nos planos de assistência médica nos 12
meses terminados em março de 2015, com aumento de 2,6 pontos
percentuais em relação aos 12 meses encerrados em março de 2014. No
mercado de Saúde Suplementar (compreendidas cooperativas médicas,
medicinas de grupo e seguradoras especializadas em saúde), a
sinistralidade foi de 82,7% nos planos de assistência médica, com
expansão de 1,1 ponto percentual na mesma base de comparação.
Operadoras aumentam
provisões técnicas
As associadas à Federação
acumulavam R$ 14,4 bilhões em provisões técnicas (posição até março
de 2015), o que representa 50,7% do total do setor. No mercado de
saúde suplementar, essas garantias totalizaram R$ 28,5 bilhões em
março de 2015. Esses recursos servem para assegurar compromissos
das operadoras em caso de insolvência – ou seja, constituem
proteção para os beneficiários de seguros e planos de saúde. As
provisões técnicas são o lastro financeiro que formam as garantias
para os riscos assumidos pelas operadoras.
Para conferir o Boletim Indicadores
Econômico-financeiros e de Beneficiários da FenaSaúde na íntegra,
acesse http://goo.gl/3IZLXZ.