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“Escândalos financeiros impulsionam mercado de seguros”, diz CEO da americana Argo

Fonte: Isto É Dinheiro Data: 03 fevereiro 2015 Nenhum comentário

As seguradoras vão ter de se adaptar aos novos tipos de sinistros provenientes de casos de corrupção e de outras crises vividas pelo País, segundo Pedro Purm

Falta d’água, risco de apagão e corrupção. A série de crises vividas pelo País, nos últimos meses, vem mudando o mercado de seguros. O cliente passa a contar com novos riscos e sinistros, e as seguradoras precisarão se adaptar a novos serviços e produtos. “Até um tempo atrás, falar de seguro no Brasil era ser taxado de pessimista, hoje, os clientes entendem a importância deste ativo”, diz Pedro Purm, presidente da americana Argo no Brasil. “O mercado de seguros brasileiro se sofisticou e agora vive uma nova fase tanto no aspecto cultural, como na questão de conhecimento técnico.” Não é à toa que, apesar da desaceleração econômica, o setordeva crescer 50% até 2020, segundo estimativa da consultoria KPMG.

Com mais de vinte anos de experiência na área de seguros e com passagem por empresas como a suíça Zurich, Purn está à frente da Argo desde 2011 e falou à DINHEIRO sobre os desafios do mercado, as perspectivas para 2015 e os planos da companhia, que emitiu R$ 141 milhões em prêmios no ano passado.

DINHEIRO – Escândalos recentes de corrupção estão incentivando executivos a buscarem seguros de responsabilidade civil?

Pedro Purm – É um processo de aculturamento que ajuda bastante. Os executivos acompanham essas repercussões e buscam maneiras de se proteger. Temos vários casos de seguros financeiros relacionados à responsabilidade civil de médico, engenheiros, advogados e outros. Tem outra linha também que envolve eventuais danos ou prejuízos que podem acontecer na gestão de um executivo. Esse mercado vem se fortalecendo também pelo aumento da exigência das empresas em relação a aspectos de governança, algo muito comum nos países mais desenvolvidos. Os escândalos financeiros reforçam a necessidade de uma forma de proteção.

DINHEIRO – Também temos enfrentado outras crises, como a hídrica e a elétrica. De que maneira o mercado de seguros se beneficia?

Pedro Purm – É uma modalidade de seguros que também vem ajudando o mercado a crescer. As empresas começaram a mensurar os eventuais impactos e prejuízos que essas crises podem causar em equipamentos e em linhas de produção das companhias. Isso nos ajuda a desenvolver novas linhas de seguros.

DINHEIRO – Mas é rápido lançar produtos no Brasil?

Pedro Purn – O trabalhão dos órgãos reguladores no Brasil evoluiu e temos um mercado bastante rígido. Por um lado, isso faz com que o processo seja mais lento. Mas de certa forma essa é a garantia que temos de um mercado mais sofisticado. De fato, leva-se um tempo considerável entre o desenvolvimento e a aprovação de um novo produto.

DINHEIRO – Quando a empresa chegou ao Brasil, em 2010, a economia estava muito diferente. Isso influenciou os planos para o Brasil?

Pedro Purm – Naquela época, o grupo iniciou uma estratégia de internacionalização e, naquele contexto, o Brasil era um destino certo. Era um momento muito positivo. A empresa saiu dos Estados Unidos, veio para o Brasil e também começou a operar em Londres e em outras regiões da Europa e do Oriente Médio. Claro que o momento econômico é bem diferente, mas o grupo é bastante dinâmico e consegui absorver os desafios do Brasil. Posso dizer que mudamos nosso planejamento, com certeza, mas iniciamos 2015 muito bem estruturados.

DINHEIRO – Quanto investiu no País?

Pedro Purm – O grupo entrou com um investimento mais alto do que era necessário. Começamos com US$ 30 milhões e, com os aportes de capital recebidos desde então, chegamos a US$ 70 milhões investidos no Brasil.

DINHEIRO –  Qual sua expectativa para 2015?

Pedro Purm – Crescemos 15% no ano passado e vamos crescer 25% neste ano, mesmo em um ambiente ruim. Preparamos muito a companhia. Claro que nossa base é pequena, portanto, crescemos com mais rapidez. Nosso foco é crescer na área de seguros de transportes, cujas emissões chegaram a R$ 70 milhões no ano passado, e desenvolver as áreas de responsabilidade civil e seguro financeiro.

DINHEIRO – Existe algum ramo em que a Argo deve entrar neste ano? 

Pedro Purm – Não estamos fazendo investimentos tão fortes em novos produtos. Mas, sim, temos interesses em novas áreas, mas antes de tomarmos qualquer decisão precisamos sentir o ano.  Vamos focar nas linhas já existentes e na aproximação com os corretores.

 

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