Em 1º de novembro, é comemorado o Dia Mundial do
Veganismo. Na Alemanha, há mais de 600 mil adeptos à alimentação
livre de derivados de animais. Para muitos, a opção alimentar é
também uma questão política.
A pequena loja de comida vegana no centro de Colônia chama pouca
atenção. Alguns refrigeradores, estantes simples e um balcão
compõem a estrutura da Goldenen Zeiten (Tempos Dourados, em
tradução livre). O pequeno local oferece desde no cheez (sem
queijo) e cowgirl steak (bife vegetariano) até comida vegana para
gatos e cachorros, que a proprietária, Annette Klietz, vende como
"especialidades veganas".
Mesmo que o local seja pequeno, ele oferece hoje bem mais do que no
começo. "Há dez anos era muito difícil encontrar comida vegana. Eu
tinha apenas dois minirrefrigeradores e quatro estantes. Toda minha
oferta cabia aí", relembra a proprietária. Hoje a situação é outra:
estima-se que haja 600 mil veganos em toda a Alemanha.
Klietz conta que abriu o negócio por falta de opções no mercado.
"Para mim, como consumidora, era difícil encontrar comida vegana. E
como sempre gostei de trabalhar no comércio, essa foi a solução
mais simples", explica Annette. Ela conta que adotou este estilo de
vida por razões éticas, e não de saúde. "Eu sou um exemplo de
vegana que se alimenta de modo insalubre, nunca gostei da
alimentação saudável. Para mim, a satisfação é o mais o
importante".
PRATOS VEGANOS "DISFARÇADOS"
Já para o cardápio do ECCO, a saúde é prioridade. O local, também
em Colônia, é um dos muitos restaurantes em cidades alemãs que
oferecem um cardápio vegano. Localizado em uma parte movimentada da
cidade, ele atrai uma ampla variedade de clientes. Duas idosas
conversam enquanto tomam água e café, ao lado de algumas jovens
mães com filhos pequenos tomam café.
Colegas de trabalho, casais e senhores lendo jornais dividem a sala
espaçosa. Uma televisão de tela plana atrás do bar mostra uma
reportagem sobre animais enquanto música Jazz-Pop flui dos
alto-falantes embutidos nas paredes. Nicole Löhnert, a
proprietária, também se aventura como cozinheira. "O mais divertido
é fazer pratos que normalmente são de origem animal, mas à moda
vegana, como filés, assados, salsichas", diz a vegana por
convicção.
Os clientes que como ela não comem alimentos de origem animal
apreciam as ofertas do cardápio, enquanto outros, desavisados, os
ingerem sem saber. "Eu substituo muitos ingredientes, mas não digo
nada. Quando fazemos uma maionese, é sempre vegana, assim como
nossas saladas. Quando vêm os veganos, eu posso recomendar outros
pratos. Mas sem fazer alarde, porque muitas outras pessoas não
iriam comê-los", explica Nicole. Seu objetivo é utilizar cada vez
mais ingredientes que não sejam de origem animal.
ESPÍRITO COMUNITÁRIO
Na vizinha cidade de Bonn, fica a Casa Oscar Romero, um centro de
projetos sociais, onde uma vez ao mês são servidas refeições
veganas como forma de arrecadar doações. Muitas pessoas apoiam a
iniciativa. Um dos cozinheiros serve de trás do balcão um ensopado
e salada de macarrão. Para a sobremesa, frutas. Cerca de 50 pessoas
conversam entre si acomodados em cadeiras e bancos. Na maioria, têm
entre 20 e 40 anos, moram ali perto e vêm com regularidade.
Uma rápida pesquisa entre os presentes deixa claro que o que os une
é o sentimento de comunidade. "Acho ótimo, nós nos juntamos,
comemos e temos uma noite agradável, independentemente do
dinheiro", afirma um deles.
A comida é de baixo custo porque é doada. Geralmente são alimentos
com prazo vencido e por isso descartados pelos supermercados das
redondezas. Muitos dos convidados não comem comida vegana
diariamente. A não violência e a sustentabilidade são os princípios
éticos dessa comunidade. Quem traz novos tópicos para discussão é
ouvido. E a comida vegana é um deles.