A criação de uma contribuição sobre movimentação
financeira e o registro em tempo real dos dados do SUS (Sistema
Único de Saúde) foram defendidos nesta quarta-feira (16) pelo
deputado Rogério Carvalho (PT-SE). Ele apresentou relatório sobre
financiamento da saúde pública, na Comissão Especial de Saúde da
Câmara.
O documento prevê aumento gradativo da aplicação anual da receita
corrente líquida da União na saúde pública até chegar a 15%. O
percentual deve ser atingido em 2017. O dinheiro é a soma de tudo o
que o governo federal arrecada, durante um ano, com tributos e
contribuições, excluídas as transferências constitucionais para
Estados e municípios.
Para financiar a saúde pública, Rogério Carvalho propõe mais uma
fonte de receita. É a Contribuição Social para a Saúde, um tributo
de 0,2% a sobre as movimentações financeiras, com algumas isenções,
a partir de 2018. "Nenhuma forma é mais democrática para arrecadar
financiamento para a saúde", avaliou Carvalho.
Entre as isenções previstas estão os proventos de aposentados,
pensionistas e outros beneficiários da Previdência Social que não
excedam ao maior salário de contribuição, R$ 4.159. Trabalhadores
contribuintes do regime geral de Previdência e do regime de
Previdência do servidor público, que recebem até o limite, também
serão isentos.
De acordo com Rogério Carvalho, a projeção de arrecadação com o
novo tributo é algo entre R$ 38 bilhões e R$ 40 bilhões anuais.
Somados aos 15% anuais da receita líquida da União, o total pode
chegar a R$ 70 bilhões a mais no sistema de saúde por ano.
O deputado defende que a primeira providência a ser tomada pelo
Poder Executivo, para o bom funcionamento da rede pública de saúde,
é definir as responsabilidades sanitárias de cada região, ou seja,
quantas pessoas precisam do serviço de saúde em determinada
localidade.
O deputado deu como exemplo Aracaju, que tem 600 mil habitantes,
mas responsabilidade sanitária por 2 milhões de usuários do SUS. O
aumento ocorre porque a capital sergipana atrai moradores de
inúmeros municípios para tratamento de saúde. "Primeiro temos que
saber qual o universo de pessoas atendidas pelo sistema, se não
soubermos não saberemos como projetar o financiamento", disse o
relator.
O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que a
proposta não contribui para a saúde pública. "A posição do
Democratas vai ser contra o relatório", adiantou.