Participação de seguradoras que
incluem a pauta ASG na estratégia de negócios passa de 77% em 2016
para 86,4% em 2021
A sétima edição do Relatório de
Sustentabilidade do Setor de Seguros, produzido pela Confederação
Nacional das Seguradoras (CNseg), revela que nos últimos três anos
a porcentagem das seguradoras que declararam a preocupação com
questões ambientais, sociais e de governança (ASG) no momento de
desenvolver produtos e serviços saltou de 43%, em 2016 para 73,7%
em 2021. Entre os temas ASG que mais impactam o setor de seguros
estão as mudanças climáticas.
A superintendente de relações de
consumo e sustentabilidade da CNseg, Luciana Dall´Agnol, explica
que enchentes, secas, epidemias, descartes de resíduos sólidos e
vendavais são alguns dos eventos relacionados às mudanças
climáticas mais citados pelas seguradoras consultadas para o
relatório. “O aumento da frequência e severidade desses eventos tem
potencial para impactar as carteiras das empresas do setor,
principalmente porque podem ocorrer concentrados em uma região
geográfica e resultar em indenizações para diferentes ramos,
comprometendo ativos financeiros essenciais para a solvência das
empresas securitárias”.
Por outro lado, Luciana destaca que
mudanças dos padrões do clima também ensejam oportunidades de
negócios para as empresas com a criação de novos produtos, serviços
e assistências. “É o caso dos seguros climáticos paramétricos,
feitos sob a medida para protegerem segurados de índices climáticos
prejudiciais às suas atividades econômicas”.
Outros exemplos de produtos
desenvolvidos pelo setor segurador que consideram aspectos ASG
incluem o Seguro de Responsabilidade Civil Ambiental – que permite
a cobertura de danos e gastos com ações emergenciais ambientais que
sejam diretamente consequentes da ocorrência de Evento de Poluição
Ambiental – seguro ambiental para transportes, desenvolvido
especialmente para riscos relacionados às atividades de transporte
de mercadorias e resíduos, oferecendo cobertura para possíveis
danos que uma carga, seja ela perigosa ou poluente, possa causar ao
meio ambiente e até garantia estendida com logística reversa, uma
assistência que possibilita o descarte ambientalmente correto de
produtos que não são mais utilizados.
Também destaque no relatório é o
aumento no número de seguradoras que incluem critérios ASG
(Ambiental, Social e Governança) nas decisões sobre política de
investimentos, optando por emissões de greend bonds – títulos de
dívidas sustentáveis – e debêntures com compromisso ASG
(sustainable linked bonds). Em 2016, 29% das empresas ouvidas
tinham essa preocupação. Cinco anos depois, o número evoluiu para
56,5% em 2021, um crescimento de 94,8%. O aumento é ainda maior
entre as seguradoras que possuem gestoras de recursos própria. Se
em 2016, apenas 14% contavam com metodologia de avaliação ASG na
análise e gestão de ativos já implementada, atualmente, esse número
chega a 50%.
Para a superintendente CNseg,
apesar das reservas técnicas do setor serem altamente reguladas, as
seguradoras demonstram compromisso com a agenda ASG quando se trata
de seus investimentos. “Empresas com boas métricas de ASG são mais
resilientes e são associadas a maior geração de valor no longo
prazo. Isso porque são capazes de melhor gerenciar os riscos e
oportunidades socioambientais e possuem estrutura de governança
robusta que as permite atravessar períodos de crise”.
O estudo da CNseg mostra também que
participação de seguradoras que incluem o tema ASG na estratégia de
negócios passou de 77% em 2016 para 86,4% em 2021. “A partir da
criação do marco regulatório de sustentabilidade do setor
segurador, a Circular Susep no. 666, a expectativa é que os dados
do próximo relatório apontem um índice de quase 100% de adesão”,
avalia Luciana.
Participam do Relatório de
Sustentabilidade da CNseg 35 seguradoras que, juntas, detêm 85,7%
de market shareno setor segurador brasileiro. A adesão ao
levantamento não é obrigatória, mas, desde 2016, tem sido superior
a 80%, o que mostra a importância do tema para o setor.