Atividade responde por
aproximadamente 6% do PIB brasileiro atualmente
Nos últimos 20 anos, a participação
do mercado de seguros tem crescido de maneira constante. Apesar
disso, os investimentos dos consumidores brasileiros em segurança e
tranquilidade em relação à perdas ou avarias de bens ainda estão
distantes dos padrões internacionais, compara Alexandro Barbosa,
presidente do Sindicato das Seguradoras da Bahia, Sergipe e
Tocantins (Sindseg BA/SE/TO).
Enquanto o Brasil tem um mercado de
seguros que corresponde a aproximadamente 6% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional, em países como os Estados Unidos e em alguns
integrantes da União Europeia, este percentual atinge uma
participação de 10% do tamanho das economias nacionais. Apesar de
reconhecer que no Brasil as apólices têm preços “um pouco
superiores” aos praticados em outros mercados, Barbosa avalia que o
problema por aqui é de natureza cultural.
“Estamos vivendo uma transformação
na sociedade brasileira, que vem acordando mais para a necessidade
de se proteger mais. Nós, enquanto representantes do setor,
procuramos fazer um trabalho de conscientização da sociedade”,
explicou Alexandro Barbosa, em conversa com o jornalista Donaldson
Gomes, no programa Política & Economia, veiculado ontem no
Instagram do CORREIO (@correio24horas). “Se nós colocarmos os dados
em um gráfico, iremos perceber um crescimento crescente”,
diz.
Um exemplo do longo caminho pela
frente pode ser notado no mercado automotivo. Apesar de ser uma das
formas de seguro mais populares do Brasil, menos de 40% dos
veículos com menos de 20 anos que estão em circulação possuem
seguro, diz o representante do setor.
“Quando a gente fala do mercado de
seguros no Brasil, estamos nos referindo a uma atividade que
representa 6% do PIB (Produto Interno Bruto), não é pouca coisa,
porém quando a gente compara com outros países, principalmente com
os Estados Unidos e o mercado europeu, ainda temos uma enorme
disparidade”, diz. “Ainda temos um caminho longo a percorrer na
contratação de seguros em geral. Temos muito espaço para crescer
porque nos mercados maduros a participação no PIB chega aos
10%”.
Segundo Barbosa, a comercialização
de seguros esteve entre as áreas da economia que melhor suportaram
as intempéries provocadas pela pandemia de covid-19. “Mesmo o ano
de 2020, nós conseguimos fechar com crescimento, um pouco mais
modesto, mas positivo. No ano de 2021, mesmo com todas as
dificuldades, tivemos um aumento mais expressivo e em 2022,
esperamos registrar uma expansão ainda mais acelerada, voltando ao
padrão que tínhamos antes da pandemia”, calcula. “Antes da
pandemia, vínhamos mantendo um ritmo de crescimento de dois
dígitos, ano após anos”, lembra.
“A sociedade, com a pandemia,
acabou consumindo alguns tipos de seguros de maneira mais intensa”,
conta Barbosa. Entre os destaques ele ressalta o seguro de vida,
que hoje é bem mais procurado que antes, o de saúde, do mesmo modo,
mas também acrescenta o caso dos seguros residenciais, que
apresentam ritmo acelerado de expansão. “A partir do momento em que
a população teve que ir para casa, o cuidado com o ambiente
doméstico se ampliou”, conta.
O aumento de demanda no caso do
seguro residencial se dá porque as pessoas entenderam que o produto
não cobre apenas danos como incêndio, vendaval ou problemas
elétricos, explica. “Tem assistências muito interessantes para o
dia. Com mais tempo em casa, essas necessidades passaram a ser
percebidas. Para o mercado esta foi uma grata surpresa”,
conta.
No período da pandemia, ainda em
2020, as seguradoras brasileiras tomaram a iniciativa de cobrir as
mortes oriundas da covid, ainda que os contratos previssem
pandemias entre as cláusulas de exclusão. “A maioria das
seguradores tinha essa previsão contratual, mas, numa decisão
conjunta inédita, as empresas decidiram pagar as indenizações, num
ato que repercutiu mundialmente”, lembra. Hoje, diz o presidente do
Sindseg BA/SE/TO, a imensa maioria das seguradoras já passou a
oferecer a cobertura por covid.
Segundo ele, desde o início da
pandemia mais de R$ 6,5 bilhões já foram pagos em indenizações no
Brasil. “Imagine o quão importante foi isso para famílias que
perderam entes queridos. Nós nos sentimos orgulhosos por esta
decisão porque o mercado vem honrando este compromisso”,
diz.
Para Alexandro Barbosa, as mudanças de hábitos que foram
registradas durante a pandemia vieram para ficar. “Nós acreditamos
que houve um processo de conscientização em relação à possibilidade
de situações inesperadas”, aponta. “Perder um ente querido mostrou
a necessidade de precaução de maneira mais contundente”.