O Valor Econômico publica que a empresa de
meios de pagamento Stone anunciou nesta terça-feira em sua
divulgação de resultados a aquisição da startup de saúde Vitta. Com
160 funcionários e sede em São Paulo, a Vitta faz gestão de planos
de saúde corporativos, além de oferecer planos próprios em parceria
com seguradoras com foco no público empreendedor.
A Stone já usava os serviços de
gestão de planos de saúde e telemedicina da Vitta, o Prime Care,
para atender as demandas de saúde de seus milhares de
colaboradores, mas, com a pandemia, estendeu o atendimento médico
remoto, via telefone e WhatsApp 24 horas por dia, também a seus
clientes, os mais de 500 mil comerciantes e prestadores de serviço
que usam suas maquininhas de cartão.
As empresas trabalharam juntas
nesse projeto que contou com RS 1 milhão de investimento da Stone
e, ao que parece, foi importante para que a empresa de meio de
pagamento se aproximasse do mercado de saúde e identificasse
potenciais sinergias com seus serviços e sua rede de clientes. No
ano passado a Stone lançou a plataforma ABC (Adquirência, Banking e
Crédito), em que disponibiliza aos clientes serviços de adquirência
e financeiros.
O valor da transação e se ela
envolve dinheiro ou ações não foi revelado, mas nas suas
demonstrações financeiras a Stone diz que “o Conselho de
Administração aprovou a aquisição de 100% da Vitta” e que, com o
negócio, “o grupo espera obter sinergias em serviços aos
clientes”.
“Muitos dos nossos clientes não têm
planos de saúde satisfatórios nem para suas famílias nem para seus
funcionários. Nós acreditamos que a Vitta criou um modelo de
negócio inovador no mercado de tecnologia para saúde, combinando
negociação de reajustes de valores com um atendimento ao cliente de
qualidade baseado em telemedicina 24/7 e suporte ao WhatsApp. Este
investimento é muito sinérgico com a nossa base de clientes”, diz o
documento.
Atualmente a Vitta tem 18 sócios e
já fez duas rodadas de captação de investimento de cerca de R$ 30
milhões, sendo a última há dois anos, quando levantou R$ 19
milhões, quando entraram para a sociedade o economista Arminio
Fraga e o ex-presidente da Qualicorp, Maurício Ceschin. Investiram
também na empresa os fundos Arpex Capital, que tem André Street,
fundador da Stone entre os sócios, e o Finvest. A participação de
todos os investidores é bem pequena no negócio, conforme Valor
Investe apurou.
A Stone, assim como a Vitta, é uma
defensora da cultura da “partnership”, ao dar ações a funcionários
que se destacam, e hoje tem mais de 100 sócios que trabalham tempo
integram na companhia.
A Vitta não foi, porém, a única
aquisição da Stone anunciada nesta terça-feira. A fintech fez
outros três investimentos, na mLabs, empresa de gerenciamento de
redes sociais, na Delivery Much, plataforma de entrega de comida, e
na MVarandas, empresa de tecnologia para food service.
“Nós acreditamos que a combinação
de tecnologia, bons serviços e soluções financeiras em um único
provedor como a Stone tem o poder de transformar o ambiente de
pequenas e médias empresas no Brasil. Nós nos definimos pelo
cliente que atendemos e não pelos produtos que oferecemos. Esta é
uma das razões para nossa visão estar ficando cada vez mais voltada
para uma empresa de software com soluções financeiras, assim como
uma companhia de serviços financeiros que oferece ferramentas
tecnológicas para ajudar os negócios na gestão e a venderem mais.
Nós estamos no caminho para nos tornarmos a principal parceira das
PMEs no Brasil”, explicou a companhia no documento.
Stone hoje tem mais de 530 mil
clientes, conforme número atualizado na teleconferência de
resultados. Considerando que boa parte dos empreendedores tem um
plano de saúde, a Vitta poderia oferecer serviços de corretagem a
essas pessoas e também aos clientes que ainda não contrataram um
plano.
Outra linha de negócios que pode
ser explorada é a de desenvolvimento de planos de saúde desenhados
para este público, uma vez que a Vitta já tem experiência nisso –
oferece, em parceria com a Omint e a Unimed, planos customizados
para startups, que não deixam de ser pequenas e médias empresas,
tanto para os sócios quanto para funcionários. Os planos já
incluem, por exemplo, descontos de 50% a 90% em remédios, uma
parceria com a ePharma.
Fundada em Uberlândia em 2014, a
Vitta hoje atende 100 mil vidas em dois modelos de negócio: um é o
serviço de corretagem e administração de planos corporativos e o
segundo é a oferta de produtos personalizados em parceria com
seguradoras, mas agregando tecnologia no atendimento e
telemedicina.
Uma empresa que atua de forma
semelhante à Vitta faz é a Qualicorp, que oferece planos de saúde a
pessoas físicas por meio de parcerias com as seguradoras. Mas,
diferentemente da Vitta, que tem como foco o público corporativo, a
Qualicorp vende a pessoas físicas.
A Vitta também tem um diferencial
em tecnologia. A empresa nasceu como um prontuário médico
eletrônico que hoje é utilizado por mais de 15 mil médicos em todo
o Brasil, além de ter o serviço Prime Care de atendimento médico
virtual e que inclui serviços de concierge, como agendamento de
consultas, localização de médicos para atendimento de emergência e
consultas preventivas. O uso intensivo de dados para fazer gestão
chamou também a atenção da Stone. A Vitta afirma que consegue
diminuir sinistralidade e reajustes menores do plano a seus
clientes.