Transmissão realizada pelo
Instituto de Liberdades Públicas e Ensino Jurídico Paulo Rangel
(ILPEJPAR) abordou as consequências psicossociais e jurídicas do
atual momento
O Instituto de Liberdades Públicas
e Ensino Jurídico Paulo Rangel (ILPEJPAR), em parceria com
a Qualicorp, reuniu nesta segunda-feira (11) quatro
especialistas para abordar os impactos Jurídicos e
Psicossociais da pandemia do coronavírus. Mediado pelo diretor
executivo da Qualicorp, Pablo Meneses, a live trouxe o
contexto e as consequências da pandemia em diferentes
âmbitos.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa
Silva, referência nacional no tratamento de transtornos mentais e
autora de 12 best-sellers, iniciou o debate abordando os reflexos
da pandemia na saúde mental e nos relacionamentos. A
especialista colocou em pauta questões emocionais, destacando o
peso de passar por uma pandemia em um mundo globalizado, em que há
um excesso de dados. “Informação nem sempre é conhecimento, e seu
consumo exagerado pode gerar sobrecarga no funcionamento
cerebral”, afirmou.
Dra. Ana Beatriz explicou, também,
as fases pelas quais a população está passando, como as situações
de ameaça, quando os circuitos de sobrevivência ficam muito ativos.
“Algumas consequências iniciais são os pensamentos
catastróficos, a interpretação da realidade como pior do que
realmente é, e ver o outro como inimigo. Vimos pessoas correndo
para os supermercados e brigando por produtos, por exemplo”, disse.
Já em uma fase mais avançada, como a atual, ela aponta que
podem subir os níveis de ansiedade e compulsões de diversos tipos,
acentuadas pela longa duração do distanciamento social. A
psiquiatra propôs uma reflexão: “até que ponto estamos poupando
vidas imediatamente e, ao mesmo tempo, condenando outras
milhares?”.
Já o procurador do Ministério
Público Federal (MPF), Dr. José Panoeiro, abordou a construção do
país a partir da colonização portuguesa para explicar o problema
específico da corrupção no Brasil, que teve em suas raízes
coloniais um Estado patrimonialista – e porque é preciso pensar
nisso durante a pandemia. “Ao longo dos anos, a simbiose entre o
público e o privado fez da corrupção uma prática comum entre
agentes estatais. Com o passar do tempo, embora fosse punida,
a corrupção se tornou, ao lado da fraude, a preferência dos
criminosos de colarinho branco. O ambiente jurídico em torno de
tais condutas seguem favorecendo suas práticas, o que nos leva a
repetir casos de corrupção como se não aprendêssemos com a
história”, acrescentou.
Para o Dr. Panoeiro, a pandemia é
um momento encarado como oportunidade para pessoas inescrupulosas.
“Hoje, há recursos em montante suficiente circulando para atender a
uma demanda real, mas que se torna objeto de corrupção. Ao
Ministério Público resta uma atuação profilática, diante de casos
concretos”, destacou. Já após a pandemia, o especialista afirma que
caberá ao MPF trabalhar com os órgãos de controle para verificar
contratos nos quais os valores pagos estiverem distorcidos.
“Em um mercado que funciona segundo a lei da oferta e da procura, a
escassez eleva preços, mas não a valores absurdos”, pontuou.
Sob o ponto de vista do Direito
Penal, em sua exposição, o desembargador do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), Dr. Paulo Rangel, ressaltou que
não se muda um país com Decreto.
“Há um princípio caro à sociedade,
que é o seguinte: não há crime sem lei anterior que a defina. Não
se pode colocar em risco os direitos individuais em nome de uma
pseudo segurança. Nós vamos precisar reeducar nossos hábitos,
andar de máscaras, não vamos mais ficar aglomerados, mas enquanto
isso não ocorre, o Direito Penal não pode ser usado como
instrumento de opressão, baseado em um discurso do medo e do
desespero”, argumentou.
Pablo Meneses, representante
da Qualicorp no debate, destacou a importância das
parcerias público-privadas, principalmente em um momento de
pandemia. “Essas parcerias precisam seguir o princípio da
transparência para alcançarem o seu objetivo de acelerar avanços
estruturais para a sociedade. As empresas no Brasil se organizam há
muito tempo para isso, mas nesse momento esse apoio se mostra ainda
mais necessário ”, afirmou, ressaltando que a fiscalização
também é um fator essencial para o seu sucesso.
O executivo citou, ainda, algumas
das iniciativas da Qualicorp no combate à COVID-19. “A
Companhia tem contribuído por meio de diversas ações. Já investimos
mais de R$ 10 milhões em iniciativas de apoio à população,
como a doação de mais de 300 leitos, em parceria com outras
empresas, para atendimento exclusivo a pacientes do Sistema Único
de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro e em São Paulo, a doação de 3 mil
litros de álcool em gel para comunidades carentes e também a
doação de 3 mil testes do coronavírus para profissionais da saúde
pública no Rio de Janeiro” finalizou.
O vídeo na íntegra está disponível
no canal do ILPEJPAR no YouTube. Para acessá-lo, clique aqui.