A proposta que será apresentada no
5º Fórum da Fenasaúde, que acontece dia 24, em Brasília — com a
presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com
representantes do Judiciário e do Legislativo — prevê a
possibilidade de contratação de módulos só com consultas, outro de
exames, um de terapias (como tratamento de câncer) e ainda outro
hospitalar, sendo este último o único que daria direito à
emergência.
Ou seja, quem tiver plano só de
consulta, vai ter que pagar pelos exames ou recorrer ao SUS. Já
quem tem um conjugado de consultas e exames, mas não o de terapia e
descobrir um câncer, vai ter que se tratar no serviço público. E em
todos esses casos, quem não contratou o pacote de hospital, se
quebrar um braço, vai para o hospital público ou paga pelo
atendimento.
Integração com o SUS
Na avaliação de Vera Valente,
diretora executiva da Fenasaúde — que reúne as maiores empresas do
setor — essa modulação permitiria a contratação de planos por quem
hoje é 100% dependente do SUS:— Essa medida desoneraria o
serviço público. E mesmo que o usuário precise fazer o tratamento
no SUS, ele chegará lá com outra condição, pois estará recebendo
uma atenção continuada — diz Vera, que prevê competição entre
empresas pelo menor reajuste. — Com a portabilidade, o consumidor
pode trocar de empresa, caso a que esteja aplique reajustes muito
altos.
Médica sanitarista e professora da
UFRJ, Ligia Bahia não acredita que a modulação dos planos venha a
ter um efeito sobre o SUS:
— Entre os anos de 1990 e 2015,
dobrou o número de usuários na saúde suplementar, e isso não fez o
SUS melhorar. Por outro lado, não há lógica de fazer pré-pagamento
para ter direito a um plano que só prevê consultas, se for assim, é
melhor recorrer a clínicas populares. Ao compartimentar todos os
serviços do plano, o risco é encarecer o contrato que hoje é de
referência, que virá com todos os adicionais, assim como vimos
acontecer com os carros.
Apesar de afirmar que ainda não foi
feito um estudo econômico que permita dizer o quanto o plano em
módulos será mais barato que o tradicional e quantas pessoas
poderão ser incluídas na saúde suplementar nesse sistema, a
diretora executiva da Fenasaúde afirma que quem vai hoje à clínica
popular teria benefício contratando o novo modelo.
Setor apresenta em fórum nova
proposta para aumentar número de usuários, mas especialistas temem
perda de direitos
RIO - Com poucas perspectivas de
forte crescimento do emprego formal no curto e no médio prazos e
com uma perda acumulada de três milhões de usuários, as operadoras
de planos querem aumentar o número de beneficiários da saúde
suplementar com uma nova tentativa de mudar a regulação para voltar
a vender contratos individuais. A modalidade hoje representa só 20%
do setor, sendo a maior parte do mercado de planos coletivos
empresariais.
Para a volta dos individuais
ao mercado, as empresas demandam mudanças no marco legal. Na
prática, querem que os reajustes deixem de ser limitados pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A ideia é que cada
operadora apresente sua variação de custo e a agência verifique e
autorize. Além disso, as operadoras querem ampliar os tipos de
contratos, o que chamam de modulação de produtos.