Um milhão e meio de brasileiros com menos
de 23 anos de idade perderam o plano de saúde, desde 2014. Eles não
conseguem encontrar uma forma de recuperar o benefício.
Muitos jovens se prepararam para
o vestibular. Entre tantos desafios que vão enfrentar no futuro,
muitos têm outra preocupação.
“Eu já tive plano de saúde
privado”.
“A dermatologista também, que
cuidava da minha pele, a gente usava muito, dentista também...
Agora é tudo pelo SUS mesmo”.
“Um plano particular, eu acho
que é um benefício muito grande”.
“Por enquanto está muito caro.
Muito, muito caro. Fora de cogitação”.
Cerca de três milhões de
brasileiros perderam o plano de saúde nos últimos quatro anos.
Metade são crianças e jovens de menos de 23 anos de idade. Boa
parte deles, filhos de trabalhadores que perderam o emprego e o
convênio médico.
Como a Érica e o marido, que
estão procurando uma alternativa. A Bia tem 7 anos, sofre de asma e
precisa de um novo plano.
“Pesquisando preços e tudo mais,
está fora da realidade”, conta a designer Érica Fernandes
Biondo.
Um dos motivos para os aumentos
das mensalidades dos planos de saúde é o envelhecimento da
população brasileira, segundo as operadoras de planos.
Nos últimos três anos, o número
de clientes com mais de 80 anos cresceu 62%. São pacientes que
podem dar despesas médicas de até R$ 19 mil, num ano. Mais de 12
vezes o que gastam com uma criança ou um adolescente: R$ 1.500.
Os custos são divididos por
todos os beneficiários. Se o número de clientes aumentasse, com uma
presença maior de quem dá menos despesa, a conta poderia cair para
todo mundo.
“Eu acho que está no momento de
a regulação rever, de forma que o jovem seja menos onerado e tenha
um valor de mensalidade mais adequado ao seu risco, de forma que
ele possa voltar a ter interesse nessa participação”, afirma a
presidente da FénaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes.
Existe outra razão que afasta as
pessoas deste mercado: os planos individuais, que têm os reajustes
controlados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
praticamente sumiram do mercado.
“A gente percebe que não há
oferta suficiente de planos individuais no mercado. É muito difícil
a pessoa encontrar um plano de saúde, e quando ela encontra, o
valor inicial do plano acaba sendo muito elevado”, explica Ana
Carolina Navarrete, pesquisadora em Saúde do Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor.
Outra opção para os jovens, pode
ser os planos de saúde com coparticipação. A mensalidade é menor
porque o cliente paga uma parte do que usa, por isso, é vantajoso
para quem utiliza menos. Esse tipo de convênio existe desde 1998.
No mês de julho, a ANS publicou uma regulamentação para eles e para
os planos com franquia. Mas foi questionada pelo Supremo Tribunal
Federal e teve que voltar atrás.
“Embora ela tivesse aspectos
positivos, ela tinha problemas. São aspectos positivos: o fato de
você ter uma regra para limitar o quanto que vai ser cobrado de
mensalidade, mais franquia e coparticipação; o problema é que essa
regra não tinha sido discutida com a sociedade, ela não foi
submetida a uma consulta pública, e várias entidades de defesa do
consumidor solicitaram à ANS: abre a consulta pública para discutir
esse limite”, explica Carolina.