São Paulo – Um cartão pré-pago para os
funcionários irem ao médico. Essa é aposta da Ticket –
que fornece cartões de vale-refeição e transporte – para aumentar
sua participação no segmento de benefícios empresariais e mexer com
o mercado de planos
de saúde.
Funciona como o VR: a empresa coloca
um crédito no cartão pré-pago e o funcionário usa o benefício em
consultas e exames médicos feitos na rede credenciada. O principal
alvo do produto são empresas que não oferecem nenhum benefício de
saúde para o funcionário.
Mas empresas que já oferecem plano de
saúde podem usar o ticket para complementar o benefício,
especialmente nos casos em que o plano de saúde cobre apenas
internações, por exemplo. O vale-saúde da Ticket abarca apenas
consultas e exames médicos.
“A proposta é dar acesso a saúde para
quem não tem nenhum benefício e também ajudar as empresas a reduzir
custos”, afirma Maiara Dias, coordenadora de produtos da
Ticket.
Para as empresas, a grande vantagem do
modelo é a previsibilidade do custo. “A empresa define quanto vai
colocar no cartão e o usuário faz a gestão desse valor. É diferente
do plano de saúde que tem consultas ilimitadas”, explica Dias.
O custo do plano de saúde é um
problema crescente para as empresas. Segundo uma pesquisa da ABRH
(Associação Brasileira de Recursos Humanos), em 81% das empresas os
custos com os planos de saúde subiram acima da inflação em 2017,
sendo que em 55% delas, o aumento foi de mais que o dobro da
inflação.
O mesmo estudo afirma que “os custos
dos planos de saúde corporativos crescem com o elevado número de
consultas, cirurgias, próteses, exames e medicamentos, muitos dos
quais são repetitivos e desnecessários”.
O serviço da Ticket ajuda a fugir
desses aumentos. “Nosso serviço é um cartão pré-pago. Não tem
inflação médica. A empresa decide quanto coloca no cartão e nós
cobramos apenas uma mensalidade por usuário cadastrado”, explica
Dias.
A Ticket firmou parcerias com 5 mil
pontos de atendimento, entre clínicas e laboratórios. Com isso, as
consultas e exames feitos via Ticket têm um desconto de 80% em
relação ao preço do serviço no particular. As consultas saem por um
preço médio entre 60 e 80 reais.
A sugestão da companhia é de que as
empresas coloquem um crédito mínimo de 150 reais mensais (mas o
valor fica a critério de cada companhia). Caso o crédito do cartão
acabe, o funcionário pode colocar mais dinheiro do próprio bolso. A
vantagem para ele será poder usar o desconto de 80% na rede
credenciada.
A ambição não é pequena. “A
expectativa é iniciar um novo momento no setor de saúde. É uma
grande aposta e esperamos muita repercussão”, afirma Dias. O
risco é a empresa perder o foco do que faz bem – benefícios de
alimentação – para concorrer num mercado que ela não conhece.
O vale está em fase piloto e por
enquanto é oferecido apenas em São Paulo, mas a intenção é chegar
em breve a Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Brasília.
A Ticket tem 130 mil empresas clientes
no Brasil e 7 milhões de usuários. A empresa é o braço brasileiro
do grupo francês Edenred, que está presente em 45 países e teve
faturamento de 1,3 bilhão de euros em 2017.