Como o principal canal de distribuição de seguros vai sobreviver aos avanços tecnológicos?
Essa é uma pergunta que vem tirando o sono dos corretores de seguros que observam a chegada das insurtechs com desconfiança.
Desde a criação da primeira empresa seguradora no Brasil em 1808, o mercado segurador brasileiro, passou por diversas transformações e a figura do corretor sempre foi fundamental no entendimento das necessidades dos clientes, proporcionando ao segurado as melhores opções do mercado de acordo com o seu perfil, ajudando as seguradoras no combate às fraudes e trazendo informações relevantes para lançamento de novos produtos pelas companhias.
Com a evolução da tecnologia, vieram os grandes desafios do setor como a mudança nos hábitos digitais dos consumidores, Big Data e machine learning, realizando tarefas automáticas como cálculos de prêmio e cotações, avaliação sofisticada da base de dados de referência e perfil dos segurados, dispensando tecnicamente em muitos casos a figura do corretor.
A tecnologia segundo muitos especialistas, também será responsável pela queda substancial do volume de prêmios em alguns segmentos como o seguro tradicional de automóveis que de acordo com o relatório AON de 2017, deve registrar queda em mais de 40% no volume de prêmios entre 2015 e 2050, quando veículos autônomos deverão estar totalmente desenvolvidos nos principais mercados.
Diante desta ruptura na maneira de se relacionar com o consumidor, precificar o risco e distribuir o seguro, o corretor deverá buscar cada vez mais capacitação e se reinventar como consultor especializado, agregando cada vez mais valor ao processo, decifrando como Cloud Computing, Big Data, realidade aumentada, inteligência artificial, aplicativos e internet das coisas, podem ser grandes aliados no seu papel de comercializar seguros com mais eficiência, qualidade no relacionamento e transparência junto ao segurado.
Sobreviverão aqueles que entenderem que a tecnologia não é inimiga e que a revolução digital que já começou a impactar o setor, deverá ser compreendida e adaptada no cotidiano do novo corretor de seguros que continuará a ser peça estratégica na nova engrenagem da indústria de seguros.
*Rodrigo Afonso Ferreira é sócio-diretor da corretora Infinity Finanças e membro MDRT.