Desligamentos começam no dia
22 e devem ser concluídos até o fim do ano. Pacientes terão de
pedir reembolso às operadoras
Cerca de 50 dos 78 cirurgiões cardiovasculares do Paraná são
cooperados das 22 Unimeds do estado e anunciam que, a partir do dia
22 de outubro, vão pedir o desligamento das operadoras. De acordo
com a Gazeta do Povo Online, eles dizem que, depois de um ano e
meio de negociação buscando o reajuste de seus procedimentos, não
receberam contrapropostas.
Cada unidade tem suas regras, mas o desligamento dos médicos
leva, em média, 60 dias. Ou seja, a partir do fim de dezembro os
clientes das Unimeds no Paraná (há mais de 1,3 milhão) terão de
correr atrás de reembolso em caso de cirurgia cardíaca.
Como médicos, os cirurgiões cardiovasculares têm de atender toda
e qualquer situação de emergência. “Ninguém ficará
desassistido. O paciente e a família serão informados e receberão,
ao fim do procedimento, uma nota fiscal para que possam buscar o
reembolso do plano de saúde. Nos casos eletivos, essa negociação
será feita antes. O paciente receberá um orçamento e o levará para
negociar com a Unimed”, explica o diretor-presidente da
Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares (CoopCárdio-PR),
Marcelo Freitas.
Para não pagar do próprio bolso para depois tentar o reembolso
de procedimentos que passam de R$ 20 mil, o consumidor também pode
tentar garantir o pagamento por parte do plano antecipadamente na
Justiça. Os juízes têm entendido que, ao não oferecer alternativas
– outros profissionais para fazerem o procedimento –, o plano é
obrigado a pagar o que é pedido.
Segundo a categoria, o valor médio pago pelos planos por
procedimentos como a cirurgia de ponte de safena tem sido de R$ 1,5
mil – menos que o Sistema Único de Saúde, que paga em torno de R$ 4
mil. Mesmo esse valor, no entanto, é considerado pequeno, já que as
cirurgias geralmente são conduzidas por equipes de três a quatro
pessoas. “Nosso acordo tem sido no sentido de aumentar
gradualmente esse valor para R$ 15 mil em até um ano e meio”,
diz Freitas. Segundo ele, todos os planos, com exceção do Nossa
Saúde e das Unimeds, aceitaram os termos.
De acordo com o cirurgião cardiovascular George Soncini, ninguém
queria uma decisão radical, mas os profissionais estão há quatro
anos buscando uma solução para a defasagem. “Outras Unimeds do
Brasil já cumprem esse mínimo, então entendemos que é possível
encontrar uma solução aqui no Paraná também”.
Outro lado
A Federação das Unimeds do Paraná informou por e-mail à Gazeta
que cabe a cada uma das 22 singulares do estado a negociação com os
cirurgiões cardiovasculares, mas que “em nenhum momento deixou de
atender a CoopCárdio-PR” e que “o material com as
reivindicações entregues às cooperativas foi analisado em conjunto
com todas as Unimeds do estado”.
Segundo a nota, a conclusão foi de que é impossível discutir
valores de honorários de grupos particulares de cooperados, sem que
se crie conflitos intransponíveis entre especialidades, e que as
reivindicações dos cirurgiões cardiovasculares não são compatíveis
com “os critérios de equidade” da Classificação Brasileira
Hierárquica de Procedimentos Médicos (CBHPM). A Unimed Curitiba,
que tem 538 mil clientes, limitou-se a dizer que está em negociação
com a categoria.
O Ministério Público do Paraná vai agendar para os próximos dias
uma audiência entre a Unimed e os cirurgiões cardiovasculares. Em
julho, diante de um movimento parecido de 50 anestesistas contra a
Unimed Curitiba, o órgão conseguiu mediar um acordo.